O governador do Rio Grande do Sul e importante liderança do PSDB, Eduardo Leite, expressou sua oposição ao apoio de seu partido à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em uma entrevista para O Globo.

Segundo Leite, a associação de Nunes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não está alinhada com o projeto nacional do PSDB de oferecer uma alternativa à polarização entre Lula e o ex-presidente.

“Respeito o prefeito Ricardo Nunes. Seu trabalho começou com o PSDB, inclusive com o prefeito Bruno Covas. Mas houve uma escolha de se associar justamente ao Bolsonaro, o que diverge e destoa do que o PSDB busca representar, uma alternativa nesse contexto político nacional da polarização“, afirmou Leite em entrevista ao Globo. O governador cogita disputar a Presidência em 2026.

Leite quer candidato próprio do PSDB em SP

Para Leite, a eleição municipal na capital paulista precisa levar em consideração questões nacionais. Em sua visão, seria mais adequado lançar uma candidatura própria, seguindo a tradição do partido na maior cidade do país.

O governador participou de um evento na Fundação FHC, em São Paulo, nesta segunda-feira, 26. Após conversar com jornalistas, ele se reuniu com o ex-ministro Andrea Matarazzo, cujo retorno ao partido para concorrer à eleição é especulado.

“O esforço é no sentido de ter uma candidatura própria. Caso isso não ocorra, teremos que discutir nacionalmente com quem nos associamos que mais tem convergência nessa questão nacional. Quem estará mais próximo de nós na defesa de um projeto alternativo nacionalmente?“, disse Leite.

Divergências dentro do partido

A decisão do PSDB em relação à eleição para a prefeitura de São Paulo tem gerado divisões dentro do partido. Enquanto a ala de Leite defende uma candidatura própria, os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo desejam apoiar Nunes. Há também membros que sugerem uma chapa com a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Ato de Jair Bolsonaro

Leite comentou sobre a manifestação pró-Bolsonaro que reuniu apoiadores na Avenida Paulista neste domingo, 25. Ele ressaltou a importância de respeitar a manifestação, mas lamentou o tensionamento do ambiente democrático e as motivações por trás do ato.

“A fala do ex-presidente parece querer contemporizar, já que não pode negar, os questionamentos que ele fazia ao resultado das eleições“, afirmou Leite, referindo-se a Bolsonaro.

Em seguida acrescentou: “As acusações não são frágeis, são bastante contundentes e merecem uma análise e investigação aprofundadas. Não é possível afirmar categoricamente, com base em uma única prova, que houve uma tentativa de golpe. Mas, considerando tudo o que foi apresentado até o momento, no conjunto da obra, sinaliza-se uma tentativa de descredibilizar as eleições e criar um ambiente propício para subverter a ordem constitucional e impedir um governo eleito de assumir“.