Crusoé: “Fomos da indignação à pena”, diz Barroso sobre cabeleireira
"Se vai computar pena, mais adiante, é outra discussão", afirmou o presidente do STF sobre o caso de Débora dos Santos

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, defendeu nesta sexta-feira, 28, punição para a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, responsável pela pichação da estátua da Justiça, de autoria do mineiro Alfredo Ceschiatti, com a frase “perdeu, mané”, dita por Barroso a uma manifestante em Nova York após o fim das eleições de 2022.
Segundo o magistrado, os brasileiros foram “da indignação à pena” diante da dosimetria da punição defendida pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, de 14 anos de prisão e multa de 30 milhões de reais.
“O Brasil tem a característica que, na hora em que os episódios acontecem, as pessoas têm uma indignação profunda. E depois, na medida em que o tempo passa, elas vão ficando com pena. Nós fomos da indignação à pena”, afirmou Barroso depois de ministrar uma aula magna na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Para Barroso, a punição é “inevitável”.
“Porém, a não punição desse episódio pode fazer parecer que, na próxima eleição, alguém pode pregar a derrubada do governo eleito e pode invadir prédios públicos. Não é bom para o país que prevaleça esse tipo de visão. Ninguém gosta de punir, mas a punição é inevitável”, disse.
“Se vai computar pena, mais adiante, é outra discussão”, acrescentou.
A dosimetria da pena
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram para que Débora pegue 14 anos de prisão em regime semiaberto. Ela é mãe de dois filhos pequenos.
Luiz Fux pediu vista na segunda-feira, 24, interrompendo a votação que acontece em plenário virtual.
Em sessão na Primeira Turma na quarta, 26, Fux disse que pretende votar por uma pena menor para a cabeleireira Débora dos Santos.
O magistrado afirmou também que, em determinadas ocasiões, tem se deparado com “pena exacerbada”.
Ao rebater, Moraes afirmou que Débora dos Santos “invadiu junto com toda a turba”.
“É um absurdo as pessoas quererem comparar aquela conduta, de uma ré que estava há muito tempo dentro dos quartéis, pedindo intervenção militar, que invadiu junto com toda a turba e que, além disso, praticou esse dano qualificado, com uma pichação de um muro. Temos que admitir os fatos, tá? Não foi uma simples pichação.”
A cabeleireira negou em audiência de instrução…
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Comentários (5)
Angelo Sanchez
28.03.2025 19:49Barroso esquece que; quando disse "perdeu mané", foi uma carimbada da frase no peito de 50% dos eleitores, ou seja mais de 100.000.000 milhões brasileiros, enquanto a Débora com muita sutileza de uma mulher e mãe quis dar o troco e escreveu com seu batom a mesma frase numa única estátua inerte, e ouso dizer, por ora a estátua não representa a justiça deste país.
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
28.03.2025 15:40Está difícil saírem do pseudo olimpio que se meteram e entenderem que é uma pena absurda. Principalmente para quem convive com o prende e solta do dia a dia, a impunidade. Explicar que uma mulher comum armada de batom é mais grave que tirar uma vida.
Fabio B
28.03.2025 15:19É impossível não se indignar com essa dosimetria aplicada, quando outros casos o peso é completamente outro. No entanto, não tenho pena de nenhum desses presos. E como essa senhora é tão irresponsável assim, tendo duas crianças, e sai de casa assim nesse rolê de maluco, de participar de manifestação em defesa de golpe de estado? Todos estão errados nessa história.
Antonio Caio Alcântara Botellho
28.03.2025 15:18O povo brasileiro está indignado é agora pela atuação dos pseudos juízes do STF.
Maria De Fatima Carvalho Gabriel
28.03.2025 15:10Ninguém nessa aula ousou perguntar por que as penas de corruptos foram anuladas e os atos de corrupção não causaram a mesma indignação aos senhores? Fica dificil de entender e não se indignar. E a frase é dele.Ela escreveu. Será que isso tb pesa?