Cerrado perdeu área equivalente ao município de Maceió
As terras privadas foram responsáveis por 74% do desmatamento do Cerrado em janeiro, enquanto as áreas protegidas somaram 9% do total
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No primeiro mês de 2024, o Cerrado brasileiro sofreu uma perda significativa de vegetação nativa. Cerca de 51 mil hectares foram desmatados, o que equivale à área do município de Maceió, capital de Alagoas. Esses dados foram divulgados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
O desmatamento aumentou 10% em comparação com janeiro de 2023. No entanto, houve uma queda de 48% em relação ao mês anterior, dezembro de 2023.
À CNN Brasil, o geógrafo e diretor do Instituto Cerrados, Yuri Salmona, explicou a importância de comparar os meses do mesmo período ao longo dos anos para analisar a tendência do desmatamento. Ele afirma que, se compararmos janeiro com janeiro, fica evidente que o desmatamento continua crescendo, passando de 46 mil hectares para 50 mil hectares. Portanto, não há redução do desmatamento. Salmona também ressalta que o desmatamento tem sido uma crescente nos últimos cinco anos.
Políticas da Amazônia no Cerrado
Especialistas alertam para a necessidade de implementar no Cerrado as mesmas políticas que reduziram o desmatamento na Amazônia no ano passado. Eles ressaltam que o foco e as políticas voltadas para a Amazônia têm ameaçado a sobrevivência do Cerrado, um bioma onde é permitido o desmatamento de até 80% da propriedade. Por essa razão, alguns ambientalistas chamam o Cerrado de “bioma de sacrifício”.
Estudos mostram que o desmatamento do Cerrado coloca em risco a segurança hídrica do país. O Cerrado é considerado o berço das águas do Brasil, sendo a origem das nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas mais importantes do país. Além disso, é o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia.
A região do Matopiba, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foi a mais afetada pelo desmatamento no Cerrado em janeiro. Essa área é conhecida por ser uma grande expansão do agronegócio, principalmente da soja. Os estados de Tocantins e Piauí lideram o ranking de desmatamento em janeiro, com cerca de 10 mil hectares de vegetação suprimida cada. Em seguida, estão os estados da Bahia e Maranhão, com cerca de 9 mil hectares de Cerrado desmatados cada.
A responsabilidade do desmatamento
As terras privadas foram responsáveis por 74% do desmatamento em janeiro, enquanto as áreas protegidas somaram 9% do total. Entre as áreas protegidas afetadas, destacam-se o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba e a Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba, localizados no Matopiba.
Em novembro de 2023, o governo federal lançou o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PP Cerrado), com o objetivo de alcançar o desmatamento zero até 2030. O plano envolve diversas medidas intersetoriais e busca unir os esforços de órgãos públicos federais sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
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