Anielle Franco está certa — de acordo com a agência oficial do governo. A Agência Brasil, site da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), destacou na manhã desta quarta-feira, 17, um texto que defende o uso do controverso conceito do “racismo ambiental”, que a ministra da Igualdade Racial usou para adentrar a crise das enchentes no Rio de Janeiro. Ela é cotada para vice na chapa de reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD).

O texto oficial propõe o seguinte no título: “Entenda a relação de racismo ambiental e enchentes no Rio de Janeiro”. Quando estava em destaque na capa do site, na manhã desta quarta, a manchete dizia “O racismo ambiental e a inundação no Rio de Janeiro”.

No texto, a Agência Brasil diz que “a tragédia trouxe ao centro do debate o conceito de racismo ambiental após as manifestações de ministros do governo diante da crise vivida pela população no estado”.

“Especialistas e autoridades”

O texto segue:

“O termo, existente desde a década de 1980, é usado para se ilustrar como a degradação e catástrofes ambientais – enchentes, secas, contaminação – impactam de forma mais severa as populações das periferias.

Com o desastre na capital fluminense e região metropolitana, especialistas e autoridades têm utilizado essa expressão para explicar o impacto desigual das fortes chuvas sobre a população.”

Agência Lula

O Antagonista destaca desde outubro de 2023 conteúdos que valeriam o título de Agência Lula para a Agência Brasil. No dia 5 daquele mês, a agência oficial mirou no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao dizer que “Plano de governo de Tarcísio de Freitas não menciona privatizações”.

Na segunda-feira, 15, o alvo foi o senador Sergio Moro (União-PR). A capa da Agência Brasil destacou na manchete durante mais de cinco horas um texto intitulado “A pedido da PGR, Toffoli autoriza inquérito contra senador Sergio Moro”.

Funcionários da EBC reclamaram de censura, governismo e boicote durante o governo Jair Bolsonaro. Até agora, ninguém reclamou publicamente durante o governo Lula.