O racismo ambiental de São Pedro O racismo ambiental de São Pedro
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O racismo ambiental de São Pedro

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Rodolfo Borges
3 minutos de leitura 15.01.2024 10:19 comentários
Análise

O racismo ambiental de São Pedro

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, voltou ao noticiário no domingo, 14, ao oficializar um controverso conceito que já circula há alguns anos entre a militância mais...

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Rodolfo Borges
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O racismo ambiental de São Pedro
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, voltou ao noticiário no domingo, 14, ao oficializar um controverso conceito que já circula há alguns anos entre a militância mais ideológica do movimento negro. Foi a primeira vez que uma autoridade brasileira de relevância falou em “racismo ambiental”, o que levou a expressão a figurar entre as principais buscas da internet no país.

Afinal, é São Pedro, santo associado às chuvas, o racista dessa história?

“Estou acompanhando os efeitos da chuva de ontem nos municípios do Rio e o estado de alerta com as iminentes tragédias, fruto também dos efeitos do racismo ambiental e climático, escreveu Anielle em seu perfil no X, ex-Twitter.

O conceito não tem qualquer validade legal. Ainda. Ele foi encampado por representantes do movimento negro na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP) 26, realizada em Glasgow, em 2021. Na prática, o racismo ambiental estende para a seara climática a disputa por espaço e poder que pauta atualmente a batalha racial.

Douglas Belchior, cofundador da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos, esteve na COP26, como registrou o espanhol El País, e, à época, definiu assim o conceito:

“[Racismo ambiental é] a falta de segurança ambiental nos territórios urbanos e rurais de maioria populacional negra, impactada pela expropriação, poluição hídrica e atmosférica, eventos climáticos extremos, despejo de resíduos, falta de saneamento básico, enchentes, deslizamentos, doenças.”

A definição ignora, convenientemente, a composição racial brasileira.

Preto no branco

Segundo os últimos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 92,1 milhões de brasileiros se consideram pardos. Isso representa 45,3% da população do país. Os brasileiros que se autodeclararam pretos compõem 10,2% da população total (20,6 milhões).

Ao contrário do que vinha fazendo até então, o IBGE não reuniu as categorias preto e pardo sob o guarda-chuva “negros”, refletindo oficialmente, enfim, a miscigenação do país — e retirando da militância racial mais ideológica o discurso de que a maioria (pobre) do país é negra.

Ideologia

Anielle Franco e sua equipe da Igualdade Racial já tinham mostrado em outros episódios, como os dos protestos contra o termo “buraco negro” e contra a “torcida branca” na final da Copa do Brasil do ano passado, o caráter ideológico da gestão.

Apesar de distorcerem a realidade, os conceitos propagandeados pela militância têm seu lugar no debate público, inclusive para poderem ser devidamente confrontados. Mas esses devaneios começam a virar um problema de verdade quando passam a circular com tanta naturalidade nas bocas de autoridades.

Se de fato existe o racismo ambiental, o que o governo Lula fará sobre isso a cada enchente? Quem será responsabilizado? Ou são apenas palavras jogadas ao vento, para escorrerem durante os deslizamentos e enxurradas?

Outra questão: em que medida Lula e o PT, que governaram o país por 15 anos, são responsáveis pelo racismo ambiental no Brasil?

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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