Um trampolim para Paulo Pimenta na enchente do Rio Grande do Sul
Após ser indicado ministro da Reconstrução do RS, caberia a Pimenta dizer aos quatro ventos que não pretende ser candidato ao governo do estado em 2026. Difícil será convencer alguém disso
O presidente Lula achou por bem indicar Paulo Pimenta (foto), ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), para assumir o cargo de ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul. E o que isso comunica é péssimo.
Desde que o governo federal começou a reagir à tragédia das chuvas no Sul, Pimenta divide os holofotes com o ministro Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, a quem o assunto de fato diz respeito. Por quê?
A explicação mais benevolente é de que Pimenta é do Rio Grande do Sul, onde foi eleito quatro vezes deputado federal, inclusive para a atual legislatura. Mas não é possível ignorar que Pimenta figura há meses entre os pretendentes ao governo do estado em 2026.
Reação atrapalhada
A pretensão eleitoral do ministro turva ainda mais a já atrapalhada reação do governo Lula à tragédia. E não apenas por que a indicação de Pimenta sugere um cálculo eleitoral, mas porque o ministro da Secom foi protagonista nessa reação atrapalhada.
Coube a Pimenta, tão envolvido nos esforços federais em sua terra natal, colocar o Estado brasileiro no lugar de vítima das enchentes, ao solicitar abertura de inquérito sobre fake news sem apontar qualquer prejuízo das mentiras e meias verdades que circulam para a reação à tragédia — até agora, só quem se machucou com isso foi o próprio Palácio do Planalto.
Quer dizer, o governo Lula estava no centro das preocupações do ministro da Secom desde o início da tragédia, como era de se esperar de um ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O que exatamente estará no centro das preocupações de Pimenta a partir de agora, como ministro da Reconstrução?
Neutralidade
Diante da escolha de alguém diretamente interessado nas futuras eleições estatuais, mesmo petistas ventilam reservadamente que seria melhor ter optado por um nome neutro, como o do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Agora, caberia a Pimenta, no mínimo, dizer aos quatro ventos que não pretende ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2026. Difícil será convencer alguém disso — e de que os petistas não estão se aproveitando da tragédia para ganhar votos, como já fez a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
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