Senadores disputam preliminar da CPMI do roubo dos aposentados
Governistas reagem com acusações ao governo Bolsonaro durante audiência com o ministro da Previdência Social sobre o escândalo do INSS

A audiência pública do Senado para ouvir o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (à esquerda na foto), sobre o escândalo das fraudes no INSS acabou se transformando em uma preliminar do que pode vir a ser a CPMI do roubo dos aposentados, caso seja instalada.
Wolney foi convidado a prestar explicações à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, mas adotou a postura do governo Lula e transferiu qualquer culpa para o governo Jair Bolsonaro — especialmente na figura do senador Sergio Moro (União-PR), que foi ministro da Justiça de Bolsonaro.
“Um servidor, em 2020, denunciou à PF que havia descontos indevidos, que havia fraude, essas denúncias foram feitas em 2020, senador. Parece que vossa excelência era o ministro da Justiça nesta época. Vossa excelência fez alguma coisa para coibir essa fraudes?”, disse o ministro ao responder a perguntas de Moro.
O senador rebateu, primeiro dizendo que não foi informado sobre a denúncia à época, e, depois, destacando que a denúncia, que foi investigada pela Polícia Federal, foi feita em setembro de 2020, quando ele já tinha deixado o comando do Ministério da Justiça.
De quem é a culpa?
O líder do governo no Senado. Jaques Wagner (PP-BA), o líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (PT-AP, ao centro na foto), o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), de partido da base do governo, e o líder do PT, Rogério Carvalho (SE), também apontaram o dedo para o governo Bolsonaro.
Wagner iniciou sua intervenção dizendo que não ia acusar ninguém, mas não resistiu a fazer insinuações quando foi questionado por Eduardo Girão (Novo-CE) por que não tinha assinado o pedido de instalação da CPMI do roubo dos aposentados.
“Eu não assinei, mas talvez eu assine, porque esse evento vai mudar de lado e vai ficar claro quem montou trambique aí”, disse o líder do governo. “Aqui, eu não tenho interesse de politizar para acusar o governo passado, mas não venham acusar este governo”, acrescentou.
Blindagem?
Girão retrucou, dizendo que os governistas estão pensando em assinar o pedido de CPMI para poder escolher relator e presidente, para “blindar” o governo, e que a investigação foi iniciada por conta do trabalho da imprensa, que revelou os desvios, e não por iniciativa do governo.
“Esse esquema não foi montado, não foi arquitetado neste governo, mas vai ser apurado e está concluso aqui, durante esse governo”, disse Randolfe, que acusou o governo Bolsonaro de vetar um dispositivo que garantiria maior transparência ao funcionamento do INSS.
Leila Barros (PDT-DF), que é do partido de Carlos Lupi, o ministro que caiu da Previdência após estourar o escândalo do INSS, disse que vai “adorar essa CPMI” após relembrar frases de Jair Bolsonaro durante reunião ministerial, na qual o então presidente disse que queria interferir a Polícia Federal.
Líder do PT, Rogério Carvalho chegou a dizer que vai defender a instalação da CPMI. Caso venha de fato a ser instalada, é exatamente como ocorreu a audiência desta quinta-feira, 15, que ela vai se desenrolar: com os dedos apontados para dois governos.
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