Se emendas valem mais que ministérios, então fechem os ministérios
Como quase 80% das emendas são impositivas, melhor seria fechar os ministérios e deixar Alcolumbre, Motta e companhia tocarem o país

Finalmente, mais de três meses atrasado, o Congresso Nacional – o segundo mais caro do mundo – aprovou na quinta-feira, 20, o Orçamento de 2025. A proposta agora segue para a sanção do presidente Lula – acuado politicamente e popularmente, portanto sem grande força para vetar – e espetará mais de 50 bilhões de reais em emendas parlamentares no nosso lombo.
Levantamento de O Globo mostra que o valor é superior ao orçamento de 32 dos 38 ministérios do governo petista. Dois fatos absurdos aqui: 1) Tanto dinheiro nas mãos de congressistas, que não são responsáveis pela execução de programas de governo, não à toa o nome Poder Legislativo, e não Poder Executivo; 2) Tantos ministérios sem recursos e esvaziados, que servem mais como cabides de empregos a apaniguados políticos do que à própria população que os sustenta.
Em dez anos, a sanha legislativa sobre o caixa da União saiu de pouco menos de 10 bilhões de reais, em 2015, para estes pornográficos mais de 50 bilhões de reais atuais, boa parte, diga-se, ainda camuflada, sem transparência, mantendo a chama das emendas secretas bem acesa.
Quem pariu Mateus, afinal?
Apenas sob a rubrica Emendas de Comissão, estamos falando em mais de 11 bilhões de reais. O Partido Liberal (PL) – tão liberal que seu “dono” é Valdemar Costa Neto, ex-mensaleiro preso ao lado de José Dirceu, do PT – está abocanhando quase cinco bilhões de reais, valor superior ao destinado, por exemplo, conforme o Jornal, a: Embrapa, Bacen, Conab, Aneel, Incra, Ibama e Codevasf.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), referência mundial e mola propulsora do que se tornou o setor de agronegócio brasileiro, merece mais ou menos dinheiro que nossos “brilhantes, honrados e capacitadíssimos” parlamentares? E o Banco Central (Bacen), autoridade monetária máxima do país? Destes exemplos acima, fico feliz com dois cofres minguados: Incra e Codevasf. Sobretudo o segundo (Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco), um ralo gigantesco de corrupção e mau uso de recursos públicos. Não deveria levar nem sequer os quase dois bilhões de reais atuais.
Apenas os ministérios da Previdência (responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões), do Desenvolvimento e Assistência Social (responsável pelo pagamento do Bolsa Família), da Saúde, da Educação, da Defesa (estes não perdem nunca) e do Trabalho têm orçamentos superiores ao dos nobres parlamentares, que ficam com o equivalente às pastas do Transportes (R$ 29 bilhões) e da Justiça (R$ 22 bilhões) somadas.
Como quase 80% das emendas parlamentares são impositivas, ou seja, o Executivo é obrigado a pagar, melhor seria, então, fechar os 32 ministérios e deixar Davi Alcolumbre, Hugo Motta e companhia tocarem o país. Se não custará mais barato nem irá melhorar os péssimos serviços, ao menos a responsabilidade cairá nos colos de quem a têm.
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Comentários (2)
Amaury G Feitosa
21.03.2025 15:57Nem pensar, sem capachos onde os ditadores vão pisar ???
Joe Luis França da Nova
21.03.2025 15:45Ótima analise, ministérios de hoje tem um único proposito. Cabidão para us cumpanheiros.