Repugnante, senador Flávio Bolsonaro, é a sua fala
O senhor acredita mesmo no reducionismo tosco de suas palavras ou é apenas o “toque do berrante” para a manada repetir nas redes sociais

Numa declaração pavorosamente cínica e reducionista, o senador Flávio Bolsonaro, aquele que: 1) De acordo com Fabrício Queiroz, o operador das rachadinhas em seu gabinete de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, nunca soube do “rachid” dos salários dos funcionários, mesmo tendo diversas despesas pessoais pagas pelo próprio carequinha – amigo pessoal do papis há décadas; 2) A franquia de uma loja de chocolates vendia panetones como nenhuma outra, inclusive fora da época, e quase sempre em dinheiro vivo já que a utilização de cartões de débito e de crédito devia ser, digamos, pouco prática aos propósitos desejados; 3) Felizardo, comprou uma mansão milionária em Brasília, segundo avaliadores, abaixo do preço de mercado e registrou o negócio em um cartório fora da cidade, tendo ainda como histórico a negociação de outros imóveis, utilizando, em parte, dinheiro vivo, assim se manifestou sobre a Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal ontem, terça-feira, 19:
“Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de cinco pessoas tinha um plano para matar autoridades e, na sequência, eles criariam um ‘gabinete de crise’ integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam?”. Não, senador, não foi “segundo a imprensa”, mas segundo a Polícia Federal, que apresentou farta documentação comprobatória a respeito, ainda que possa – pois é sempre possível -, aqui e ali, “forçar a mão” em uma narrativa ou outra, ou mesmo cometer algum erro ou outro. Em seguida, continuou o bolsokid 01, que um dia foi providencialmente socorrido pelo “amigo do meu amigo de meu pai” com uma decisão que suspendeu as investigações contra si pelas tais rachadinhas do Queiroz: “Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”.
É sério, senador? Então tudo se resume a não ser crime “pensar” em matar alguém, pouco importando se quem “pensou” eram o presidente do país (hipótese, claro), seus auxiliares diretos, oficiais graduados das Forças Armadas e até mesmo, supostamente, um candidato à vice-Presidência da República? Pouco importando, também, se os alvos eram um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no caso, Alexandre de Moraes, também conhecido como “Xandão”, e o presidente e vice-presidente eleitos da República? Pouco importando, por fim, se o objetivo era um golpe de Estado? Pergunto: o senhor acredita mesmo no reducionismo tosco e cínico de suas palavras ou se trata apenas do “toque do berrante”, para a manada sair repetindo uníssona nas redes sociais? Porque, na boa, se é a isso mesmo que na sua visão resume-se todo esse caso, não me resta muito mais o que comentar, sob pena de eu me tornar ainda mais baixo – intelectualmente falando – que o senhor.
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