Preparem o bolso: vem aí a ‘AI-Bras’, Inteligência Artificial de Lula
Diante da situação fiscal do país, será que o governo federal não poderia deixar a iniciativa privada cuidar de um tema tão complexo
Os dias andam tão intensos e repletos de assuntos graves como o atentado contra Donald Trump, a fraude eleitoral na Venezuela, o ataque terrorista do Hezbollah – que matou 12 crianças israelenses – e o posicionamento do governo federal e do próprio presidente Lula a respeito desses temas, que às vezes escapa alguma pauta menos importante, ainda que igualmente relevante.
Durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília, evento que discute as ações do governo no setor e que pretende apresentar uma nova “Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação” para ser implementada até 2030, o presidente Lula, após receber uma prévia do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) na terça-feira, 30 de julho, declarou:
“E eu fiquei pensando: será que nós, um país com 200 milhões de habitantes, um país que já completou 524 anos, (…) que tem uma base intelectual respeitada no mundo, que tem um povo tão generoso, que vive na diversidade tão extraordinária, esse país não pode criar seu próprio mecanismo ao invés de esperar vir de outros países. Porque não podemos ter a nossa?“.
Tranquem as carteiras
O tal plano prevê investimentos que somam mais de 23 bilhões de reais até 2028, e foi organizado em cinco eixos principais: Infraestrutura e Desenvolvimento de IA; Difusão, Formação e Capacitação; IA para Melhoria dos Serviços Públicos; IA para Inovação Empresarial e Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA. Confesso que “adoro” esses planos de ações e planejamentos estratégicos que custam uma “baba”, já de início, e que raramente saem do papel (ainda bem).
Em que pese, obviamente, a importância da participação do Estado no assunto, é mesmo necessário o protagonismo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em um segmento profundamente complexo, com players mundiais privados de altíssima relevância e capacidade técnica, principalmente diante de tantas outras questões – e carências – que o governo não consegue equacionar, e que dependem, ao contrário da Inteligência Artificial, exclusivamente do Poder Público?
Diante da situação fiscal do país e dos recentes anúncios de cortes e contingenciamentos nos ministérios, inclusive Educação e Saúde, será que o governo federal não poderia destinar tanto dinheiro para essas áreas, deixando a iniciativa privada cuidar do tema? Ou seria a estreita e preconceituosa visão do presidente Lula acerca das tais big techs (Apple, Microsoft, Meta – dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – Amazon e Alphabet – dona do Google) o real motivo?
Fala, Lula
“No fundo no fundo, é a inteligência humana que pode aperfeiçoá-la, porque [a IA] nada mais é que a capacidade de fazer a coletânea de todos os dados e a gente tem as ‘big techs’ que fazem isso sem pedir licença, sem pagar imposto e ainda cobram dinheiro e ficam ricas por conta de divulgar coisas que não deveriam ser divulgadas“.
Dias atrás, o presidente já havia se manifestado a respeito, durante a cerimônia de posse da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard: “Se a inteligência artificial vier para melhorar a nossa condição de trabalho, para aumentar a densidade de ganho de dinheiro da Petrobras, se a inteligência artificial ajudar o ser humano a ser mais humano, que seja bem-vinda. Mas se não fizer isso, nós ficamos com a nossa inteligência. Eu não troco vocês todos por uma inteligência artificial que eu ainda não conheço e vocês eu conheço bem“.
E completou: “Quando eu vejo o que vocês fazem aqui na Petrobras, a inteligência humana, eu fico me imaginando um país como o Brasil talvez não precise de inteligência artificial porque a nossa humana é muito competente e ela pode dar conta do recado“. Lula disse tudo isso em 19 de junho. Pouco mais de um mês depois, anuncia estes mais de 23 bilhões de reais em investimentos em IA. Depois os petistas reclamam quando o chamo de “biruta de aeroporto”.
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