Pipoqueiros e sorveteiros, uni-vos!
Bolsonaro em manifestação de respeito à militância
Jair Bolsonaro proporcionou na avenida Paulista um dos mais sublimes episódios da oratória política nacional, desde que o também ex-presidente Fernando Collor de Mello garantiu que tinha aquilo roxo e aguentaria o que desse e viesse. O que deu e veio foi o impeachment. Ficou roxo de vergonha.
Em idioma vagamente aparentado com o inglês, o Messias leu aos solavancos as seguintes palavras: “Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup d’État in Brazil!”
Longe de mim cobrar fluência em língua estrangeira de quem quer que seja, em particular daqueles que não são obrigados a conhecer da língua nativa mais que dois ou três bordões. Enfim, quem enverga a coluna ideológica a cores e bandeiras estrangeiras não sou eu.
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À parte as questões linguísticas, o fato é que Bolsonaro, com a intrepidez para a estupidez que lhe é de costume, reduziu sua própria militância – aquela mesma que prometia nos livrar do comunismo e está sendo condenada a penas de mais de uma década – a um bando de “pipoqueiros e sorveteiros”.
Deixo aos especialistas a tarefa de averiguar a porcentagem de pipoqueiros e sorveteiros que invadiram a Esplanada dos Ministérios com intenções que não pareciam exatamente fomentar o espírito empreendedor e vender guloseimas a ministros, senadores e deputados.
Com a eleição ou a cadeia no retrovisor, a estratégia de Jair Bolsonaro e de seus satélites é reduzir os atos golpistas do 8 de janeiro a uma grande bagunça de um pessoalzinho sem propensão à violência, sem traquejo com armas, sem coragem para um coup d’État in Brazil.
Triste fim.
Depois de dias, semanas e meses em oração diante de tanques de guerra, acampado defronte quartéis, esgotado por tantas noites insones, fatigado por procissões, refém de possessões, tendo como resultado uma ficha corrida de fazer inveja a traficantes e homicidas – depois de tudo ainda ser chamado de “pipoqueiro e sorveteiro”… e aplaudir!
Certas questões não se resolvem nas urnas ou nos tribunais. Mas no divã.
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Comentários (1)
Fabio B
08.04.2025 15:12Antes foram chamados de "baderneiros" e "infiltrados", só viraram "pipoqueiros e sorveteiros" agora, por pura conveniência.