Pacheco faz o PT parecer responsável  Pacheco faz o PT parecer responsável 
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Pacheco faz o PT parecer responsável 

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 22.04.2024 17:07 comentários
Análise

Pacheco faz o PT parecer responsável 

Presidente do Senado quer recriar bônus para carreiras jurídicas do Estado sem fazer nenhum estudo do impacto fiscal da medida

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 22.04.2024 17:07 comentários 9
Pacheco faz o PT parecer responsável 
Senador Rodrigo Pacheco é autor da PEC das drogas | Foto: Foto: Pedro França/Agência Senado

É difícil fazer com que o PT pareça comprometido com a responsabilidade fiscal. Mas Rodrigo Pacheco (PSD-MG) conseguiu essa proeza, como autor de um dos projetos mais inconsequentes da história recente do Legislativo. 

O presidente do Senado pôs a primeira assinatura na proposta que recria a regra do quinquênio, assegurando um bônus automático de 5% do salário, a cada cinco anos, para carreiras jurídicas do Estado. 

Depois de Pacheco, um monte de senadores, de um monte de partidos, endossou a PEC. 

Alcance ampliado

Eduardo Gomes (PL-TO), relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, estendeu o alcance da medida, inicialmente válida para juízes e promotores, para advogados públicos e conselheiros de cortes de contas. 

Aposentados terão direito a pagamentos retroativos. 

O projeto seria votado às pressas nesta terça, 23. Mas houve alguma gritaria e Pacheco decidiu submetê-lo a discussão mais alongada. O primeiro debate ocorre na tarde desta segunda, 22, no plenário do Senado. 

Justificativas risíveis

Os agraciados pelo quinquênio não precisam cumprir metas de nenhuma espécie, quantitativas ou qualitativas, para fazer jus ao dinheiro. Basta que existam, no casulo dos seus cargos públicos.

Trata-se de privilégio puro e simples, atribuído a uma casta de burocratas. Institui desigualdades no interior do próprio serviço público, para não dizer nada em relação ao restante da população. 

Para ressuscitar esse monstrengo, que havia sido extinto em 2006, Pacheco recorreu a argumentos risíveis. 

Na justificativa do PL, ele acenou com o risco de sucateamento das carreiras da magistratura e do Ministério Público e disse que é preciso mantê-las “atrativas tanto para jovens quanto para operadores do direito mais no fim de suas carreiras” – como se elas já não tivessem remuneração, benefícios e estabilidade que garantem essa atratividade. 

O senador também alegou que reinstituir o quinquênio “não implica admitir supersalários”. Mas remuneração que fura o teto constitucional parece ser uma boa definição para supersalário e a ideia é que o bônus não fique sujeito ao teto…

Sem estudos

O elemento mais escandaloso da justificativa, no entanto, é a completa ausência de qualquer número que a embase. Pacheco e seus colegas senadores parecem não ter se dado ao trabalho de pedir um estudo sequer do impacto fiscal da medida aos seus assessores. Se pediram, resolveram escondê-lo.

Foi justamente nesse vácuo que entraram petistas como Josué Guimarães e Jacques Wagner. O primeiro disse que o projeto “vai quebrar o Brasil” e o segundo apontou um impacto de 42 bilhões de reais para os cofres públicos, sem explicar exatamente como chegou a esse número.  

Obviamente, o PT está mais preocupado em reservar para o governo Lula a prerrogativa de aprofundar nosso rombo fiscal. Mas, diante da investida de Pacheco e companhia, ganharam a oportunidade de mostrar preocupação com gastos irresponsáveis.

Justiça cara

No começo deste ano, o Tesouro Nacional mostrou que o Brasil tem o Judiciário mais caro do mundo. Ele custa 1,6% do PIB, proporção muito maior que a de qualquer país desenvolvido ou em desenvolvimento.

Esse é o número que deveria estar sob discussão no Congresso. Há algo que justifique esse nível de gastos? O que pode ser feito para melhorar a qualidade do dispêndio e tornar o judiciário mais eficaz?

Em vez disso, os parlamentares se empenham em aumentar ainda mais os custos das carreiras jurídicas para o país. É vergonhoso.  

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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Comentários (9)

Paulo Pires

2024-04-23 06:17:13

Pachecão Mineirim já está na folha de pagamento do papai Lule!


Claudemir Silvestre

2024-04-22 22:17:31

Para os esquerdistas de plantão … então o “amor” venceu !!! Faz o L … abestados !!!


Andre Luis Dos Santos

2024-04-22 21:42:45

E uma piada esse bananao. Judiciário mais caro e ineficiente do mundo, e o mesmo deve valer pro legislativo e executivo. Um bando de sanguessugas. Esse Pacheco é uma vergonha. Um lacaio.


Divina da Silva Ribeiro

2024-04-22 21:37:50

Pra quem endossou o orçamento secreto....surpresa nenhuma


Luiz Carlos Brasiliano Ferreira

2024-04-22 21:15:24

Uma VERGONHA Parece que vive em outro planeta


Noely Fischer

2024-04-22 20:26:36

Pacheco se auto-implodiu, tratou os brasileiros que arcam com seu belo erário como, idiotas. Esperamos que os mineiros mostrem o caminho da porta da saída.


MARCOS ANTONIO RAINHO GOMES DA COSTA

2024-04-22 19:28:36

EM SE TRATANDO DOS POLÍTICOS QUE AÍ ESTÃO, TUDO CERTO POIS SÃO CRÁPULAS A SERVIÇO DOS PILANTRAS.


Marcelo Augusto Monteiro Ferraz

2024-04-22 19:13:37

Lamentável!!!! VERGONHA!!!!


Murillo Bueno Bran Junior

2024-04-22 17:43:04

Diria que são justicativas “choráveis”. Uma vergonha esse Pacheco


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