O ‘suicídio’ de Cid abre um caminho político para Bolsonaro? O ‘suicídio’ de Cid abre um caminho político para Bolsonaro?
O Antagonista

O ‘suicídio’ de Cid abre um caminho político para Bolsonaro?

avatar
Carlos Graieb
3 minutos de leitura 22.03.2024 15:36 comentários
Análise

O ‘suicídio’ de Cid abre um caminho político para Bolsonaro?

Se Bolsonaro for preso, a tese de que foi alvo de uma investigação de cartas marcadas poderá dar sustento a um projeto de anistia

avatar
Carlos Graieb
3 minutos de leitura 22.03.2024 15:36 comentários 0
O ‘suicídio’ de Cid abre um caminho político para Bolsonaro?
Foto.: Beto Barata/ PL

Na tarde desta sexta-feira, 22, o tenente-coronel Mauro Cid foi despachado de volta para a cadeia por obstrução de justiça. Ele havia sido chamado ao STF para explicar os áudios em que dispara contra a Polícia Federal e Alexandre de Moraes.

Segundo as gravações vazadas à revista Veja por um “amigo” do tenente-coronel, os agentes da PF o pressionaram a relatar o que não viu e o que não aconteceu, durante as tratativas do seu acordo de delação premiada. O ministro do STF já teria “a sentença pronta” para condenar todo o grupo de Jair Bolsonaro (foto) à prisão. 

Se a delação de Mauro Cid for definitivamente jogada no lixo, ele ficará em cana por um longo tempo. Sua defesa vinha negociando para que sua estada na cadeia não superasse dois anos, o que poderia evitar sua expulsão do Exército. Essa chance estará arruinada.

Mas quais serão os efeitos para o processo como um todo?

Impacto político

Se a delação cair, nem por isso as provas coletadas pela investigação perderão validade. Em tese, tudo que foi encontrado no celular do tenente-coronel ainda poderá ser aproveitado. Bem como os depoimentos dos comandantes militares que Bolsonaro convidou para um golpe de Estado. A base para uma condenação do ex-presidente não será desfeita.

O impacto será político, antes de mais nada. 

O STF terá de lidar com um problema de imagem que criou para si próprio. Nos últimos anos, ministros como Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski fizeram de tudo para mostrar a Lava Jato como uma operação viciada por más intenções politicas, na qual réus e até mesmo empresas foram coagidos a firmar acordos de colaboração e leniência. 

Sob essa alegação, Dias Toffoli anulou todas as provas obtidas na Odebrecht – especialmente as planilhas de propina que implicavam centenas de autoridades brasileiras. 

Acontece que nenhum relato semelhante ao de Cid jamais veio à tona durante a Lava Jato.

A corte terá razões técnicas para preservar as provas colhidas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mas não se livrará tão facilmente da impressão de que usa dois pesos e duas medidas para julgar casos com figurões da política. 

Anistia

Há uma segunda implicação.

A ideia de que Cid foi coagido em seus depoimentos não vai sair de circulação, porque o bolsonarismo cuidará de perpetuá-la. Esse estrago está feito.

Se Bolsonaro for preso, a tese de que o perseguiram numa investigação injusta poderá dar sustento, no futuro, a um projeto de anistia no Congresso.

Talvez seja esse mesmo o principal objetivo do “amigo” de Cid, que vazou os áudios do seu “desabafo”

Mundo

Influencer do TikTok é brutalmente assassinada em Bagdá

27.04.2024 13:30 2 minutos de leitura
Visualizar

Conheça os goleiros mais bem pagos do futebol mundial

Visualizar

Republic First é o primeiro banco a falir nos EUA em 2024

Visualizar

Paulo André, diretor de futebol do Cruzeiro, negocia renovação de Matheus Pereira

Visualizar

Onde assistir aos jogos de hoje, 27/04, na TV e streaming

Visualizar

Suspeita de auxiliar fugitivos de Mossoró é presa no Ceará

Visualizar

Tags relacionadas

Alexandre de Moraes delação premiada Jair Bolsonaro Mauro Cid Polícia Federal STF
< Notícia Anterior

Kate Middleton anuncia que passa por tratamento para câncer

22.03.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Ao menos 40 mortos em ataque a casa de shows em Moscou

22.03.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Os perigos de governar com o STF

Os perigos de governar com o STF

Rodolfo Borges
27.04.2024 11:24 5 minutos de leitura
Visualizar notícia
Com Lula e Pacheco no ringue, torça pela briga

Com Lula e Pacheco no ringue, torça pela briga

Carlos Graieb
26.04.2024 18:03 5 minutos de leitura
Visualizar notícia
STF ajuda a mascarar problema nas contas públicas

STF ajuda a mascarar problema nas contas públicas

Rodrigo Oliveira
26.04.2024 16:35 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Extrema direita ou extrema esquerda? Qual ameaça mais o Brasil?

Extrema direita ou extrema esquerda? Qual ameaça mais o Brasil?

Catarina Rochamonte
26.04.2024 07:55 6 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.