Ministro de Lula acusado de assédio, Silvio Almeida invoca pátria e família; só faltou Deus
Silvio também - como não poderia ser diferente - incluiu a cor de sua pele como mais um argumento de defesa
Acusado, segundo a ONG que combate o assédio sexual, Me Too, conforme amplamente divulgado na imprensa nacional, por assédio a pelo menos três mulheres, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, publicou um vídeo em que se defende das graves acusações contra si.
Em que pese, obviamente, todo seu direito de manifestação e ampla defesa, até porque, ao menos por ora, nenhuma prova irrefutável sobre sua má conduta foi apresentada publicamente, a linha de defesa adotada pelo acusado é, no mínimo, uma velha conhecida do estimado público.
Sempre que políticos, autoridades e personalidades são envolvidos em escândalos (sexuais, financeiros, corrupção etc.), surge a figura do “homem de bem” injustiçado e perseguido por inimigos cruéis, que “Desejam destruir minha reputação”. Atenção: não faço, aqui, qualquer pré-julgamento ou acusação.
Originalidade zero
Quase uma cópia – à esquerda, é claro – do tradicional discurso bolsonarista, Silvio Almeida invocou, ainda que de forma oblíqua, a pátria e a família em seu socorro, deixando apenas Deus fora de sua manifestação. Pergunto-me sempre: por que são tão previsíveis e sem originalidade?
“Faço com a força do amor, do respeito que tenho pela minha família, pela minha esposa, pela minha amada filha de um ano”. “Com isso o Brasil perde. Perde a pauta dos direitos humanos, a pauta da igualdade racial e pede principalmente o povo brasileiro”. São trechos ditos no vídeo pelo (ainda) ministro.
Silvio também – como não poderia ser diferente -, incluiu a cor de sua pele como mais um argumento de defesa, dizendo que há “Um ataque orquestrado por eu ser um homem negro”. Neste caso, é curioso lembrar que uma das supostas vítimas, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, também é negra.
A famosa frase do escritor e pensador inglês, Samuel Johnson (1709-1784), “o patriotismo é o último refúgio de um canalha”, é com frequência citada, repetida e emulada, apenas trocando símbolos e sinais: sai a pátria e entram gênero, religião, etnia e qualquer outra alegação que tergiverse o fato. É o que se vê novamente.
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