Lula, uma farsa democrática diante de María Corina Machado
Nenhum ator político, por mais habilidoso, cínico, hipócrita e calculista que seja, consegue manter indefinidamente uma imagem do que não é
Há um ditado atribuído a Abraham Lincoln, que nunca sei bem como reproduzi-lo, que diz mais ou menos o seguinte: “Você pode enganar algumas pessoas por algum tempo ou todas as pessoas por algum tempo, mas não todas as pessoas por todo o tempo.”
Adaptando-o a mim mesmo: “Você pode controlar alguns ambientes por pouco tempo, muitos ambientes por muito tempo, mas não todos os ambientes por todo o tempo.” Essa é a chave para entender a farsa democrática que é Luiz Inácio Lula da Silva.
Em discursos cuidadosamente roteirizados, entrevistas concedidas a veículos simpáticos, fóruns internacionais sob encomenda, que não arranham a superfície de suas contradições, o chefão do PT encena o papel de estadista democrático.
Máscaras ao chão
Nesses ambientes controlados, Lula fabrica a narrativa de que representa o antídoto contra o autoritarismo, quando, na prática, apenas encobre suas próprias convicções autoritárias. A farsa democrática é eficaz onde as perguntas são raras e a plateia, domesticada.
Contudo, nos locais que escapam ao seu controle, a retórica encontra a realidade e a máscara cai. A imagem do democrata se desfaz, expondo o Lula que sempre se aliou a Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Daniel Ortega, Vladimir Putin e companhia.
Esses registros não desaparecem, não se diluem no jogo de cena lulopetista e da esquerda amiga e não se apagam com propagandas políticas e notas diplomáticas. São a prova de que o autoproclamado democrata não passa de aliado sistemático do autoritarismo.
Os limites do teatro democrático
Lula se esforça para posicionar-se como líder global, defensor de uma ordem multipolar e crítico da “hipocrisia” ocidental. Consegue, em parte, enganar plateias menos atentas, vendendo o Brasil como a voz iluminada da democracia no Sul-Global.
A narrativa é bem produzida, mas não resiste ao escrutínio mais severo. Porque, em algum momento, o discurso encontra os fatos: Lula relativizando as ditaduras da Nicarágua e da Venezuela, e trocando abraços e sorrisos carinhosos com Putin, Xi e outros do gênero.
Eis a prova de que o autoproclamado democrata não passa de um aliado sistemático do autoritarismo. Lula estende sua propaganda sobre organismos internacionais e parte da imprensa nacional, mas não controla o tribunal da história, que é implacável
Vitória moral contra a tirania
María Corina Machado, a mulher que enfrenta a ditadura de Maduro na Venezuela, perseguida, silenciada, caçada, jamais se calou. Merecidamente, acaba de ser agraciada com o Nobel da Paz, e se projeta definitivamente como símbolo de resistência democrática.
O simbolismo, ou melhor, a mensagem aos brasileiros é acachapante: o contraste entre o vazio democrático de Lula, que relativiza ditaduras e abraça Maduro, e a mulher que o denuncia, o combate e se sacrifica pela liberdade dos venezuelanos.
Esse é o ambiente que Lula não consegue controlar. A consagração de María Corina Machado é um lembrete incômodo de que o mundo, ainda que conivente e desatento, observa a América do Sul. E quando o mundo enxerga, não é o “Lula democrata” que aparece.
Não há controle eterno
A imagem do pai do Ronaldinho dos Negócios construída para plateias convenientes não resiste quando se depara com um Nobel incontestável. No embate simbólico, a vitória é de Corina, porque ela encarna aquilo que Lula jamais foi: uma voz autêntica pela liberdade.
Voltemos ao ditado do início do texto: “Você pode controlar alguns ambientes por pouco tempo, muitos ambientes por muito tempo, mas não todos os ambientes por todo o tempo.” Lula consegue controlar parte da narrativa nacional e mundial. Mas não controla todas.
Nenhum ator político, por mais habilidoso, cínico, hipócrita e calculista que seja, consegue manter indefinidamente uma imagem do que não é. Uma hora a cortina cai. E se não por vontade própria dos que o cercam, pelo exemplo que vem de longe. Bravo, Corina!
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (5)
ENRICO
13.10.2025 15:24O texto é pertinente, coeso, porem nosso querido colunista Ricardo segue com seu padrão no mínimo muito esquisito. Um leão para escrever criticas sobre os Bolsonaros, um gatinho para os textos criticando o Lula, nossa politica é pautada pelo menos pior, e fica claro que alguns colunistas que aqui escrevem acham que o descondenado seria menos pior que a familia Bozo, se uma das poucas mídias imparciais que ainda temos no Brasil, seus principais colunistas acham Lula, PT e o STF mais de esquerda da historia, que são "menos piores" entendemos muita coisa que acontece com nossa "Direita Br"
Olinha
12.10.2025 09:21Excelente! Tomara que nos livremos da síndrome do dedo podre que nos comete nas eleições. As máscaras vão caindo e não há chapéu que disfarce tanto mau caratismo. Chega!
Joaquim Arino Durán
11.10.2025 18:58Quem é mais democrata, Lula ou Bolsonaro?
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
10.10.2025 19:22Para ver as ideias democráticas do Lula basta lembrar da tentativa de criar o "controle social da mídia", só não implantada porque mesmo os parlamentares venais não quiseram encarar isso.
Joaquim
10.10.2025 14:12Maria Corina Machado é, merecidamente, agraciada com o Nobel da Paz. Luta verdadeiramente pela volta da democracia na Venezuela, colocando em risco a própria vida. A escória da politica brasileira já começou a gritar, mostrando que a academia acertou em cheio. Quando a população brasileira vai acordar? Serão enganados eternamente? Seu artigo, Ricardo, sugere que não. Esperemos.