Lá vem o “Celtinha” ostentação de Boulos Lá vem o “Celtinha” ostentação de Boulos
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Lá vem o “Celtinha” ostentação de Boulos

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Rodolfo Borges
4 minutos de leitura 14.01.2024 12:34 comentários
Análise

Lá vem o “Celtinha” ostentação de Boulos

Entre os diversos sinais de que uma eleição já começou no Brasil — como a filiação ao vento de José Luiz Datena a um partido qualquer — está a circulação do...

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Lá vem o “Celtinha” ostentação de Boulos
Foto: Reprodução/Instagram

Entre os diversos sinais de que uma eleição já começou no Brasil — como a filiação ao vento de José Luiz Datena a um partido qualquer — está a circulação do Celtinha” do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) pelas ruas do país. Aconteceu no sábado, 13, quando o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo visitou Marta Suplicy para acertar a composição de sua chapa.

Boulos foi devidamente “flagrado” (várias aspas) chegando com sua mulher ao prédio de Marta no bairro dos Jardins em seu folclórico Celta 2010 (foto). Não era Boulos quem dirigia o carro.

Também não foi Boulos quem estava ao volante quando o “Celtinha” percorreu cerca de mil quilômetros de São Paulo a Brasília para que o líder dos sem-teto pudesse fazer sua entrada triunfal no Congresso Nacional em fevereiro de 2023. Um assessor se encarregou da tarefa, durante a qual teve de trocar um pneu — não me pergunte por que isso virou notícia.

Em 1º de fevereiro de 2023, Boulos, prestes a tomar posse como deputado federal, posou em frente a seu carro, estacionado diante do Congresso, com um cartaz que dizia “Fazer os fascistas temerem novamente!”. O post que registrou o ato no Instagram dizia “Chegando de Celtinha para tomar posse!”.

“Arrochou na periferia”

Na campanha à Prefeitura de São Paulo de 2020, o “Celtinha” serviu de mote para jingle de Boulos. “De Celtinha invadiu meu coração, Boulos chegou na pisadinha, a 50 por hora arrochou na periferia”, dizia a música, interpretada pelos Barões da Pisadinha.

Boulos perdeu aquela eleição no segundo turno para o falecido Bruno Covas (PSDB) celebrando a melhor votação da história do PSOL na capital paulista, o que ajudou a nutrir a campanha deste ano, à qual mesmo o hegemônico PT parece ter se rendido.

As pesquisas da época mostravam Boulos com 28% das intenções de votos entre os paulistanos com renda familiar mensal de mais de dez salários mínimos, à frente de Covas, que tinha 25%. Quando se tratava do eleitores com renda familiar mensal abaixo de dois salários mínimos, Boulos estava atrás de Covas e até de Celso Russomanno, que não foi nem para o segundo turno.

Os pobres de Marta

A falta de votos na periferia explica a parceria deste ano com Marta Suplicy, supostamente mais querida entre os pobres de São Paulo — ela não se reelegeu prefeita da capital em 2004, quando foi derrotada por José Serra (PSDB).

O Globo registra que “no primeiro turno de 2020, Boulos teve quase o dobro de votos válidos de Marta em 2016 (1,08 milhão a 587 mil)” — a então senadora tentou se eleger prefeita novamente naquele ano.

“Ainda assim, o deputado conquistou menos apoiadores que a ex-ministra em seis zonas eleitorais, todas elas na periferia: Cidade Dutra, Jardim Ângela, Parelheiros e Capela do Socorro (Zona Sul), e em Guaianases (bairro da Zona Leste que abriga duas zonas eleitorais)”, segue o jornal, acrescentando:

“As zonas Sul e Leste são as mais populosas da cidade e representaram, juntas, 72% dos votos que Marta obteve na eleição de 2016. Para Boulos, o peso das duas regiões em 2020 foi menor: contribuíram com 62%”.

Os marqueteiros de Boulos calculam que o resultado de Marta em 2016 seria um eco de sua gestão de 2000 a 2004. Naquela eleição, ela foi aclamada no primeiro turno com mais votos em 39 das 41 zonas eleitorais, perdendo para o ainda tucano Geraldo Alckmin apenas em Pinheiros e no seu Jardins.

Os ricos de Boulos

Boulos se notabilizou como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), uma categoria das mais necessitadas, e se esforça cotidianamente para demonstrar humildade. Mesmo assim, só os eleitores ricos parecem valorizar seu esforço e ele precisa atrair uma figura mais identificada com os pobres para enfim conquistá-los.

Pode ser que o carinho do deputado pelo “Celtinha” seja autêntico. E pode ser também que sua opção por morar na periferia de São Paulo, apesar de não ter nascido em berço desprivilegiado — é filho de dois médicos e professores universitários —, não seja fruto de um cálculo político.

Mas o fato é que esses elementos são usados na construção de sua persona política, o que representa um risco que ele não parece saber calcular direito.

A humildade ostentada não tem valor. Ou melhor, seu valor é negativo. Só quem gosta de ostentar pobreza é rico.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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