E Ronaldo Fenômeno desistiu
Mudar a lógica de poder que sustenta a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) exige mais do que a vontade que o ex-jogador demonstrou em campo

Ronaldo Fenômeno (foto) retornou aos gramados em 2000, um ano e três meses após sofrer uma das lesões mais chocantes da história do futebol — sua patela saiu do lugar, ao vivo e por diversos ângulos de câmera, durante partida pela Supercopa da Itália, pela Inter de Milão.
O rompimento do tendão patelar e dos ligamentos do joelho direito ocorreu quando o atacante voltava de outra cirurgia no mesmo joelho, realizada cinco meses antes. Sua carreira parecia acabar ali, mas ele não apenas voltou aos campos como foi protagonista do pentacampeonato em 2002.
Esse mesmo Ronaldo, que se tornou um exemplo de superação no esporte mundial, anunciou nesta quarta-feira, 12, que desistiu de tentar comandar o futebol brasileiro. Mudar a lógica de poder que sustenta a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) exige mais do que vontade.
“Pouco importa a minha opinião”
“Depois de declarar publicamente o meu desejo de me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito, retiro aqui, oficialmente, a minha intenção. Se a maioria com o poder de decisão entende que o futebol brasileiro está em boas mãos, pouco importa a minha opinião”, anunciou o ex-jogador em texto publicado em suas redes sociais.
“Conforme já havia dito, os meus primeiros passos seriam na direção de dar voz e espaço aos clubes, bem como escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados. A mudança necessária viria desse alinhamento estratégico, com a força da visão compartilhada”, comentou Ronaldo em sua mensagem.
Segundo ele, contudo, em seu “primeiro contato com as 27 filiadas”, ele encontrou “23 portas fechadas”.
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“Se recusaram a me receber”
“As federações se recusaram a me receber em suas casas, sob o argumento de satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição. Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo”, lamentou.
“O estatuto concede às federações o voto de maior peso e, portanto, fica claro que não há como concorrer. A maior parte das lideranças estaduais apoia o presidente em exercício, é direito deles e eu respeito, independentemente das minhas convicções. Agradeço a todos que demonstraram interesse na minha iniciativa e sigo acreditando que o caminho para a evolução do futebol brasileiro é, antes de mais nada, o diálogo, a transparência e a união“, finalizou a nota.
Acomodados
A mensagem publicada por Ronaldo expõe a acomodação dos dirigentes das federações de futebol do Brasil.
Num momento em que os clubes penam para se entender na composição de uma liga única, exatamente na tentativa de organizar um futebol que ficou muito para trás da Europa, os cartolas jogam fora a oportunidade de renovar os ares da CBF com um dos maiores ídolos do futebol nacional.
Se a maioria dos dirigentes não se prestou sequer a ouvir o que Ronaldo tinha a dizer é porque futebol não é exatamente a prioridade dos cartolas brasileiros.
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Comentários (1)
MARCOS
13.03.2025 10:18O DINHEIRO É A PRIORIDADE DOS CARTOLAS.