Caso Collor: roube muito, passe 15 anos impune, seja condenado e vá para casa
Prisão domiciliar não é questão de justiça: é privilégio! Mas, no Brasil do STF seletivo, apenas para quem pode pagar - ou conhece quem manda

O Brasil é incorrigível. O STF é incorrigível. O todo-poderoso Alexandre de Moraes é incorrigível. E a elite política brasileira continua dando risada da nossa cara de trouxa.
Fernando Collor de Mello, condenado a oito anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não vai mais para o xilindró. Vai para casa. Com tornozeleira eletrônica, médicos particulares, cama limpa, ar-condicionado, comida gourmet e vinho do bom. Alguém surpreso? Eu não.
E a “casa” não é uma qualquer. Aquele que “nasceu com aquilo roxo” cumprirá sua pena (pena?) em uma cobertura de 600 metros quadrados, avaliada em R$ 9 milhões pela Justiça do Trabalho na orla da Ponta Verde, o bairro mais nobre de Maceió. Sua “punição rigorosa” inclui piscina, elevador privativo, salas amplas, suíte master e vista definitiva para o mar.
Aos amigos do Rei, tudo
Tudo porque o Supremo Tribunal Federal que, segundo alguns de seus ministros, salvou a democracia brasileira, decidiu que o ex-presidente — aquele que um dia se vestiu de caçador de marajás para enganar o país — cumprirá pena em prisão domiciliar. Tudo dentro da lei, claro, como sempre ocorre quando o réu usa terno, circula pelos salões de Brasília e tem sobrenome que abre portas e fecha processos.
Collor recebeu, segundo a acusação, R$ 20 milhões em propina. Esperou sentado por 15 anos enquanto a Justiça “trabalhava”. E agora, condenado, recebe como castigo todo o conforto do lar. O argumento? Idade avançada e problemas de saúde. A mesma alegação jamais aceita quando o réu é um pobre diabético ou hipertenso, preso por furtar uma garrafa de café. Aliás, como esquecer do caso Clezão, envolvendo justamente o mesmo Xandão?
Hoje, mais de 800 mil pessoas estão presas no Brasil, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Destas, cerca de 40% ainda não foram julgadas. A maioria é pobre, negra, jovem e vive amontoada em celas imundas, com acesso precário à água potável, comida de qualidade duvidosa e atendimento médico inexistente. Nenhuma delas foi para casa por pressão alta ou hérnia de disco.
O futuro repete o passado
Fernando Collor, vale lembrar, renunciou em 1992 para escapar de um processo de impeachment, e escapou. Trinta anos depois, finalmente condenado, mais uma vez sai ileso.
O tempo passa, a impunidade permanece e os poderosos seguem intocáveis. A conta nunca chega para essa turma. A vergonha na cara, muito menos. Até porque, se nada lhes acontece de pior, por que deveriam mudar os modos, não é mesmo?
Prisão domiciliar não é questão de justiça: é privilégio! Mas, no Brasil do STF seletivo, apenas para quem pode pagar – ou conhece quem manda. Depois os capas pretas reclamam da revolta popular e dizem não entender por que são tão odiados. O ministro Barroso, rei desse tipo de vitimismo, que o diga.
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Comentários (6)
F-35- Hellfire
02.05.2025 19:23Assisti na TV uma explosiva e desmesurada agressão verbal do ex-presidente Collor, como senador respondendo a uma crítica do então senador gaucho Pedro Simon em 03/08/2009, na época já um cidadão de avançada idade. Collor demonstrou ser destemperado e psicopata! Acho que não deveria receber o benefício de prisão domiciliar, deveria continuar preso!
Ita
02.05.2025 15:57No Brasil, você é honesto? pra você tudo bem para outros, talvez, azar o seu. Conselho: se for roubar, roube muito porque quem rouba pouco pode ser preso.
MARCOS
02.05.2025 15:02só vale para os poderosos ALÔ PAULO MALUF.
Luis Eduardo Rezende Caracik
02.05.2025 11:52Me é quase impossível acreditar que o STF, em especial Barroso e Alexandre de Moraes coadunem com tal indecência, vergonha e descaso com o povo brasileiro. E o fizeram em tempo recorde! Isso já é um bom prólogo do que vai ocorrer mais a frente com Bolsonaro e seus asseclas.
Luis Eduardo Rezende Caracik
02.05.2025 11:44Vergonha extrema que mais uma vez nos proporciona o judiciário, em particular a PGR e o STF. Se há uma pessoa que deveria apodrecer na prisão, é este camarada. Não está doente coisa nenhuma, e muito menos merece qualquer tratamento especial. É triste constatar mais uma vez, que a justiça está do lado errado.
saul simoes junior
02.05.2025 11:37Ele está muito doente, como o Maluf estava há 20 anos atrás!