Arrecadação recorde: goela larga de Lula não cobre gastos
Na raiz do problema, a mãe de todos os males fiscais e, por consequência, sociais, o déficit público que nenhum governo conseguiu resolver
Anotem aí: R$ 2.709.000.000.000,00 (por extenso: dois trilhões, setecentos e nove bilhões de reais). Essa é a montanha, na verdade, o Everest de dinheiro arrecadado pelo governo federal em 2024, um recorde nominal histórico e 10% superior ao garfado — sim, garfado! — em 2023.
Perguntas meramente retóricas, claro, pois eu e todos vocês sabemos as respostas de cor e salteado: sua vida melhorou? Os serviços prestados pela União melhoraram? Você se sente mais seguro em sua cidade? Que tal o hospital e a escola pública da sua vizinhança? E a sua aposentadoria, aumentou?
Pois é. Para todas as perguntas acima, as respostas são negativas. Pagamos cada vez mais impostos – a carga tributária do país aproxima-se de 35% do Produto Interno Bruto (PIB) – e continuamos a receber muito pouco ou quase nada de retorno estatal, mesmo para as coisas mais básicas.
Gestão sofrível
Para piorar, além da absoluta falta de serviços públicos de qualidade, temos hoje uma péssima gestão macroeconômica, que, a partir do crescente descontrole fiscal, empurrou a inflação para acima do teto da meta e nos trouxe, via depreciação do real, um empobrecimento brutal frente outras moedas.
Este governo não é apenas incompetente, perdulário e irresponsável. É soberbo, arrogante, cego, negacionista. Acredita fazer tudo certo, mas ser injustamente avaliado pela população. Jura agir sempre com “amor”, mas ser “odiosamente” atacado por nazistas, fascistas, extremistas e vítima de mentiras.
O dólar disparou? Culpa dos especuladores e de fake news no X. Os alimentos estão “pela hora da morte”? Culpa do clima, da inflação mundial e… da laranja! Os juros explodiram? Culpa do mercado e do Banco Central. A arrecadação subiu via aumento de impostos? Culpa do Nikolas, se é que me entendem.
Saco sem fundo
Há uma expressão em inglês, bastante usual e direta: enough is enough! Algo como: Chega! Basta! Já deu! Quando utilizada em países sérios, é porque o “caldo entornou” faz tempo. Ou seja, a partir dali, não será mais tolerado. Não é o caso, obviamente, da carga tributária brasileira; nem o céu é o limite.
Em 1989, ano da primeira eleição após o regime militar, já com a Constituição de 1988 em vigência, a carga tributária do Brasil era de 22% do PIB. Em 1995, um ano após o controle da hiperinflação pelo Plano Real, chegamos a 27% do PIB, ou seja, um salto de mais de 20% em apenas seis anos.
Como “onde passa o boi passa a boiada”, cinco anos depois, em 2000, atingimos 30% do PIB em impostos. Era o fim do mundo, o apocalipse. Mas como nosso fundo do poço tem sempre um alçapão, chegamos ao novo “fim dos tempos”, e a besta do apocalipse tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva.
A César o que é de César
“Ah, Ricardo, agora tudo é culpa do Lula”? Não. Claro que não. A culpa é dele e de todos os seus antecessores – em maior ou menor grau de responsabilidade. Porém, não há como desconsiderar que, de 2002 para cá, o lulopetismo esteve por 16 anos no poder. Ou seja, sua culpa é enorme, sim.
Na raiz do problema, a mãe de todos os males fiscais e, por consequência, sociais, está o déficit público crescente que nenhum governo conseguiu resolver. No máximo, pequenos períodos de superávit fiscal foram observados. Há mais de 60 anos o Brasil padece deste mal.
A doença vem se agravando a cada novo governo e a cada nova legislatura, pois o Congresso Nacional, nos últimos 10 ou 12 anos, vem esmerando-se em agravar a situação, não apenas concedendo isenções fiscais a grupos privilegiados, como ele próprio gastando como se não houvesse amanhã.
Eleições 2026
É o quarto ano consecutivo de aumento na arrecadação federal. Ou seja, como eu disse, não é mérito apenas de Lula e do PT. O que os difere é a qualidade do gasto, ou seja, o que fazem com todo o dinheiro que nos é surrupiado. Além disso, conta muito, também, o legado que deixam para o futuro.
Como o lulopetismo é mestre em contrair despesas que jamais irão recuar – ou inexistir -, pois ou as engessam via leis ou simplesmente são “imexíveis” – como diria Collor – por questões eleitorais, ou melhor, eleitoreiras, costuma ser bem mais danoso que os outros (vide FHC, Temer e Bolsonaro).
Por isso, é justo que levem mais culpa que os demais. Até porque, mentirosos que são, em sua maioria, dizem sempre o oposto e acusam os demais de serem os responsáveis pelo que chamam “herança maldita”. As últimas pesquisas parecem caminhar neste sentido. Veremos o humor dos eleitores em 2026.
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