A montanha de entulho político de Paulo Pimenta
Desempenho do secretário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul na CCJC da Câmara deu razão a todas as críticas que vêm sendo feitas desde que Lula o escolheu para a missão
Paulo Pimenta (foto), secretário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, compareceu à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara na tarde da terça-feira, 11, para falar sobre os esforços do governo Lula na reação às enchentes, e deu razão a todas as críticas que vêm sendo feitas desde que o presidente o apontou como responsável por cuidar da questão.
Assim como já havia feito há algumas semanas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o antigo ministro da Secom de Lula compareceu à Câmara com o espírito do hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. O secretário foi com o espírito armado e tentou pautar a discussão com uma série de fake news que teriam sido propagadas por seus adversário.
Mas Pimenta não tem a mesma habilidade do ex-ministro da Justiça e queimou a largada logo na primeira pergunta, de Paulo Bilynskyj (PL-SP). Questionado sobre a presença de sua mulher em viagem oficial ao Rio Grande do Sul, o secretário provocou o adversário de graça, aludindo ao caso de uma antiga namorada do parlamentar, morta em 2020.
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“Não posso dizer o mesmo do senhor“
“Primeira pergunta: se a minha esposa me acompanhou no roteiro do estado? Sim. Sou ministro de Estado, participo de eventos públicos, e muitas vezes minha esposa me acompanha. Não posso dizer o mesmo do senhor. Se o senhor acha que tem alguma coisa estranha nisso… Inclusive, eu tenho uma relação com ela de respeito, sem violência, sem agressão. E, para mim, inclusive, é um orgulho ela poder andar junto comigo”, disse Pimenta, para palmas dos aliados.
Bilynskyj, cuja pergunta tinha sido feita de forma branda diante das intervenções de oposicionistas que vieram na sequência, reclamou, exaltando-se: “Ele demonstrou o que é fake news. O ministro insinuou que meu relacionamento com minha esposa era violento”.
O resto da sessão foi preenchido por elogios dos governistas à reação do governo federal à tragédia do Rio Grande do Sul e de críticas dos deputados da oposição não apenas ao trabalho desempenhado por Pimenta, mas ao seu passado político.
O apelido “Montanha”, com que o secretário era identificado na planilha de propinas da Odebrecht, segundo as investigações da Operação Lava Jato, foi evocado inúmeras vezes, e Pimenta até o rebateu, dizendo que é conhecido assim pela “montanha de votos” que recebeu para ser eleito deputado mais de uma vez em seu estado.
Entulho político
Os governistas reclamaram da oposição, dizendo que os adversários deveriam se concentrar na ajuda às vítimas das enchentes, mas o pecado original dessa história é de Lula. Foi ele que indicou um político diretamente interessado na sucessão do governo do Rio Grande do Sul.
E um político com o caráter bélico, como admitiram e criticaram em reserva até aliados, e como se pôde constatar mais uma vez. Quando se coloca alguém assim à frente de uma questão tão importante, não se pode cobrar dos outros sobriedade ou foco no que é mais importante.
Foi Lula que politizou e partidarizou a reação do governo federal à tragédia do Rio Grande do Sul, misturando ao entulho físico deixado pelas águas que baixaram no estado o entulho político do passado de Pimenta. E, como deixou clara a reunião da CCJC, é uma montanha de entulho político.
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