É um deboche o Brasil ter de pagar pelo novo ‘Aerojanja’
Teremos um Aerojanja? As cenas dos próximos capítulos logo dirão. Reportagem de O Estado de S. Paulo mostra que o Ministério da Defesa apresentou ao Planalto um estudo sobre um novo avião dentro das...
Teremos um Aerojanja? As cenas dos próximos capítulos logo dirão. Reportagem de O Estado de S. Paulo mostra que o Ministério da Defesa apresentou ao Planalto um estudo sobre um novo avião dentro das exigências do presidente.
Ele custaria por volta de R$ 400 milhões, entre US$ 70 milhões e US$ 80 milhões. Já foi até identificado um avião que poderia ser comprado, usado, em uma empresa de leasing. Não se sabe o real proprietário mas, segundo o relatório, possivelmente é um magnata árabe.
Qual exigência custaria tanto aos cofres públicos? Uma cama de casal, chuveiro e escritório privativo. O Aerolula não precisou de nada disso, o Aerojanja precisa. Parece ser algo para atender a uma realidade que temos visto, a primeira-dama está em todas as viagens oficiais.
A grande questão é o que o país e até mesmo o governo ganham com Janja na comitiva internacional. Até o momento, só crises completamente evitáveis.
Um problema da primeira-dama é tentar empurrar goela abaixo do país o feminismo de Taubaté, tão verdadeiro quanto a famosa grávida. Janja diz querer “ressignificar” o papel de primeira-dama, mas não é isso que faz.
Primeira-dama é a mais fina flor do patriarcado e não tem como sair disso. É, em primeiro lugar, a mulher que abandona sua própria vida profissional para ser um apêndice na vida profissional do marido. Também é o tipo de poder de que o patriarcado gosta, aquele vindo do marido ou pai e que pode ser suprimido por eles quando der na telha.
Ruth Cardoso, feminista, falava muito sobre a dicotomia do momento, que lhe causava incômodo. Não havia deixado de acreditar nas bandeiras feministas, mas assumia ter feito uma opção familiar diferente.
Ela e a maioria das primeiras-damas encontra uma causa específica para atuar. Dona Lu Alckmin continua firme e forte com as padarias artesanais, Ruth Cardoso tinha o Comunidade Solidária, Michelle Obama incentivou exercícios físicos. Janja se colocou numa situação difícil.
Ela não faz parte do governo e não tem legimitidade nem autoridade para isso, mas aparece em tudo quanto é canto onde são tomadas decisões. Faz falas públicas que vão de taxação da Shein a live sobre vacinação com a Xuxa. Quem se expõe também se sujeita ao escrutínio público e é o que vem acontecendo.
Para contrapor os críticos, os apoiadores de Janja talvez tenham criado a máquina de antipetismo mais eficiente da história, o ranço. Nem todas as fake news bolsonaristas provocam mais antipetismo que a militância à la Choquei da primeira-dama, virulenta, preconceituosa e de baixíssimo nível.
Esqueça tudo o que vocês ouviram dos progressistas sobre combate à misoginia, homofobia, xenofobia e etarismo. No Janjistão, o fã-clube à la Choquei da primeira-dama, isso é o prato do dia. É dessa forma que milhares de perfis animadíssimos rebatem críticas:
Vai se lavar sua imunda. pic.twitter.com/YzL2lNrwR0
— ThacioLula (@ThacioLula) September 8, 2023
Mais alguns exemplos aqui, aqui e aqui.
Janja convidou para a posse de Lula influencers envolvidos com a mesma agência que dá as cartas na Choquei e em vários outros sites de fofoca que agora puseram um pé na política.
Na área do entretenimento, esse ecossistema destrói e constrói reputações. Na área da política, tem tentado calar os críticos da mesma maneira que os lacradores fazem nas áreas artística e publicitária.
A mesma estratégia dificilmente dará certo nos dois mundos. Poderia ser ótima caso Janja tivesse, como tem Lula, ingredientes importantes na política em si. Carisma e base social são o mínimo.
Ela não tem e a aposta da assessoria é toda na lógica da blogueiragem violenta, preconceituosa e de baixo nível. Se Lula não abrir os olhos, embarcará no Aerojanja com a maior máquina de produção de antipetistas já criada.
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