A ditadura dos caciques e a apatia eleitoral A ditadura dos caciques e a apatia eleitoral
O Antagonista

A ditadura dos caciques e a apatia eleitoral

avatar
Claudio Dantas
3 minutos de leitura 01.04.2022 16:45 comentários
Opinião

A ditadura dos caciques e a apatia eleitoral

Dias atrás, escrevi que todas as candidaturas de terceira via (ou centro democrático) não passam de miragem, pois os pré-candidatos não contam com o básico: apoio majoritário dos próprios partidos. Isso vale para Sergio Moro, João Doria, Eduardo Leite, Ciro Gomes, Simone Tebet. Mas esse é o sintoma de um problema mais grave, de fundo...

avatar
Claudio Dantas
3 minutos de leitura 01.04.2022 16:45 comentários 0
A ditadura dos caciques e a apatia eleitoral
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Dias atrás, escrevi que todas as candidaturas de terceira via (ou centro democrático) não passam de miragem, pois os pré-candidatos não contam com o básico: apoio majoritário dos próprios partidos. Isso vale para Sergio Moro, João Doria, Eduardo Leite, Ciro Gomes, Simone Tebet. Mas esse é o sintoma de um problema mais grave, de fundo… de fundo eleitoral.

Quando a campanhas eram financiadas pela iniciativa privada, cabia aos pré-candidatos passar o chapéu no mercado. Os mais bem-sucedidos geralmente viravam candidatos e impunham seu nome. Quem trazia o dinheiro tinha prerrogativa. Naquele ambiente, o mais importante aos partidos era chegar ao topo da cadeia alimentar da política, elegendo o chefe do Executivo.

Mas como tudo no Brasil dá errado, o financiamento privado virou uma forma de captura do Estado para a fabricação de leis e decretos em benefício de poucos privilegiados, o enriquecimento ilícito de políticos e empresários, e a manutenção de projetos de poder. A Lava Jato expôs tudo isso.

Na ocasião, a reação do Congresso foi proibir o financiamento privado e instituir o público, via fundão eleitoral. Esperava-se com isso reduzir a promiscuidade de nossas excelências. Mas sem regulamentação sobre a aplicação desses recursos, os caciques passaram a ter o poder discricionário sobre quem deve ou não ser eleito… e financiado.

A promiscuidade não cessou, só mudou de formato.

A prioridade agora é eleger uma bancada parlamentar cada vez maior, para acessar uma fatia ainda mais robusta dos fundos públicos e assim por diante, ampliando o poder de barganha com o Executivo num ciclo que retroalimenta o próprio poder dos caciques partidários.

Diante de um presidente fraco como Jair Bolsonaro, o atual Congresso conseguiu ir além e garantiu poder inédito sobre o orçamento, instituindo um vergonhoso sistema de emendas parlamentares secretas, destinadas a alimentar currais eleitorais e esquemas de corrupção paroquiais.

Parece óbvio que dirigentes partidários, de Gilberto Kassab a Renata Abreu, não estão realmente à procura de um nome para presidir o país. Querem atrair quadros apenas para melhorar as chances de mais uma vez ampliar suas bancadas em outubro.

O PSD de Kassab, a propósito, foi o partido que mais se beneficiou do orçamento secreto, seguido do DEM (hoje União Brasil) e MDB.

É bobagem, repito, esperar que os dirigentes dessas legendas produzam uma liderança capaz de romper com os extremos representados por Lula e Jair Bolsonaro — fenômenos eleitorais “auto-explicáveis”.

Só uma sociedade terrivelmente indignada teria poder para mudar essa situação. Inflação e corrupção, dois agentes catalisadores das manifestações do passado recente, estão novamente presentes na vida do brasileiro, que parece vencido pela apatia.

Esportes

Fortaleza arranca empate histórico contra o Boca Juniors na La Bombonera

16.05.2024 08:40 3 minutos de leitura
Visualizar

Pimenta não nega suas pretensões eleitorais no Rio Grande do Sul

Visualizar

Primeiro-ministro da Eslováquia segue em estado grave

Visualizar

"A Rússia é a maior ameaça às nossas eleições"

Alexandre Borges Visualizar

Guia completo: entenda a multa do FGTS em demissões

Visualizar

Com agenda fraca, investidores olham para dados americanos

Rodrigo Oliveira Visualizar

Tags relacionadas

caciques Congresso eleições 2022 financiamento público
< Notícia Anterior

Rodrigo Garcia recebe convite para se filiar à União Brasil

01.04.2022 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

PF abrirá novo posto de emissão de passaportes em São Paulo

01.04.2022 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Claudio Dantas

Claudio Dantas é diretor-geral de Jornalismo de O Antagonista. Com mais de duas décadas cobrindo o poder, já atuou nas redações de EFE, Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e IstoÉ. Ganhou os prêmios Esso, Embratel e Direitos Humanos. Está entre os jornalistas mais influentes do Twitter e venceu três vezes o iBest de melhor veículo de política.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Um chamado para nos arrancar da lama

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Um chamado para nos arrancar da lama

10.05.2024 14:18 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Rapper iraniano condenado à morte por música em defesa das mulheres. Cadê o protesto dos artistas?

Rapper iraniano condenado à morte por música em defesa das mulheres. Cadê o protesto dos artistas?

Madeleine Lacsko
03.05.2024 20:52 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: A intifada universitária não salva crianças em Gaza

Jerônimo Teixeira na Crusoé: A intifada universitária não salva crianças em Gaza

03.05.2024 15:49 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Lula complica Boulos e mete o TSE numa saia justíssima

Lula complica Boulos e mete o TSE numa saia justíssima

Madeleine Lacsko
02.05.2024 21:15 4 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.