Fatores políticos que pesam para o julgamento da suspeição de Moro nas condenações de Lula Fatores políticos que pesam para o julgamento da suspeição de Moro nas condenações de Lula
O Antagonista

Fatores políticos que pesam para o julgamento da suspeição de Moro nas condenações de Lula

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 06.07.2020 13:03 comentários
Brasil

Fatores políticos que pesam para o julgamento da suspeição de Moro nas condenações de Lula

Gilmar Mendes já disse mais de uma vez que quer julgar no segundo semestre a suspeição de Sergio Moro na condenações de Lula nos processos da Lava Jato. "Inicialmente eu tinha sugerido que esse tema fosse decidido em plenário, mas fiquei vencido e decidiu-se que seria definido na turma. E depois se colocou esse impasse. Eu não trouxe neste período porque teríamos depois o debate, com a ausência do ministro Celso, se o empate favoreceria ou não, um eventual empate favoreceria ou não o réu", disse ele, em entrevista recente ao JOTA. Há vários fatores que cercam esse julgamento, nenhum deles de ordem jurídica...

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 06.07.2020 13:03 comentários 0
Fatores políticos que pesam para o julgamento da suspeição de Moro nas condenações de Lula
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Gilmar Mendes já disse mais de uma vez que quer julgar no segundo semestre a suspeição de Sergio Moro na condenações de Lula nos processos da Lava Jato. “Inicialmente eu tinha sugerido que esse tema fosse decidido em plenário, mas fiquei vencido e decidiu-se que seria definido na turma. E depois se colocou esse impasse. Eu não trouxe neste período porque teríamos depois o debate, com a ausência do ministro Celso, se o empate favoreceria ou não, um eventual empate favoreceria ou não o réu”, disse ele, em entrevista recente ao JOTA.

Há vários fatores que cercam esse julgamento, nenhum deles de ordem jurídica. Julgar Moro suspeito, a fim de fazer com que Lula volte à arena política recauchutado e, assim, possa ajudar a enfraquecer Jair Bolsonaro para 2022,  é um deles. Ou era. A prisão de Fabrício Queiroz conteve os arroubos do presidente da República, agora aparentemente domado e dócil ao STF e ao Congresso. Hoje, para boa parte dos ministros e dos parlamentares, Bolsonaro é um bom presidente a ser mantido no cargo. Dependendo de como avançarem as investigações, no entanto, ele pode ser liquidado politicamente. A questão neste momento é prever se, apesar de tudo, a sua aprovação despencará para um patamar abaixo de 20%. Ela tem se mantido na casa dos 30%, e nenhum presidente caiu com uma taxa dessas. Mesmo a economia devastada pela Covid-19 ainda não o contagiou a ponto de colocá-lo na UTI eleitoral. O quadro segue indefinido, mas mudou muito desde a prisão de Queiroz.

Na verdade, livrar Lula de todas as condenações é bom para Bolsonaro, caso consiga manter-se no Planalto até o fim do mandato, porque fortalecerá o discurso de que só ele será capaz de derrotar o PT, em 2022. Mesmo que a sua absolvição artificial não o vitamine como o próprio espera que ocorra, Lula inocentado é uma assombração que pode reaglutinar a parcela de eleitores que não segue inteiramente o ideário de Bolsonaro, decepcionou-se com ele, mas odeia a ideia de ver o PT ou qualquer outro representante da esquerda no poder. A parcela que acredita, enfim, que o que já está ruim pode ficar ainda pior. Ela é grande, como se viu em 2018. Bolsonaro voltaria, assim, a ter o benefício do voto útil.

Outro fator que pesará no julgamento, e não menos importante, é a ideia de enfraquecer Sergio Moro, ao considerá-lo suspeito nas condenações impostas a Lula. A suspeição de Moro, na verdade, pode ter o efeito inverso: fortalecê-lo ainda mais diante de um boa parte do eleitorado que acha que suspeito mesmo é o STF. Os ministros estão se fiando na pesquisa que diz que aumentou o número de cidadãos que passaram a confiar no Supremo. Essa aprovação, no caso de ela ser real, deverá encolher bastante com o ataque frontal ao ex-juiz da Lava Jato e, por extensão, à própria Operação. O esforço de deslegitimar a Lava Jato, inclusive o empreendido pelo Planalto e adjacências, pode resultar em tiro pela culatra. Não poucos veriam na suspeição de Moro uma ação concertada entre Bolsonaro e o STF.

Um terceiro elemento bastante óbvio pesará no julgamento a ser feito no segundo semestre: a vendeta pessoal de Gilmar Mendes. Ele se considera perseguido pela Lava Jato e a Operação pegou muitas personalidades que gozam das suas afinidades eletivas. Neste momento, ele deve estar avaliando se vale mesmo a pena colocar a suspeição de Moro em julgamento neste ano. Pode ser que Celso de Mello tenha mudado da posição anti-Moro, uma vez que o ex-juiz saiu do governo disparando contra Bolsonaro, que o decano considera um nazista. Se Lula não for considerado suspeito, Moro ganhará pontos extras importantes. Se o cérebro falar mais alto do que o fígado, talvez Gilmar decida segurar o caso até que a paisagem política fique mais clara.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

MST quer a cabeça do ministro Paulo Teixeira

Visualizar notícia
2

Temer compara 8 de janeiro a protestos contra reforma da Previdência

Visualizar notícia
3

Marçal a caminho do União Brasil

Visualizar notícia
4

"Meu defeito foi jogar limpo”, diz Bolsonaro. Não imagino o que seria sujo

Visualizar notícia
5

Divaldo Franco (97) é diagnosticado com câncer

Visualizar notícia
6

E agora, Marta?

Visualizar notícia
7

STF forma maioria contra proibição de crucifixo em prédios públicos

Visualizar notícia
8

Coronel ligado a Bolsonaro criticou inação e cogitou pressão sobre Lira

Visualizar notícia
9

Crusoé: Turismo em Cuba cai para metade. E a culpa não é dos EUA.

Visualizar notícia
10

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
2

Dino virou fiscal de cemitério?

Visualizar notícia
3

O contraste entre o NYT e a imprensa lulista

Visualizar notícia
4

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Visualizar notícia
5

Juíza rejeita acusação contra Trump sobre invasão ao Capitólio

Visualizar notícia
6

O vitimismo de Bolsonaro após o indiciamento

Visualizar notícia
7

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
8

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
9

Jojo Todynho: "Me ofereceram R$ 1,5 mi para fazer campanha ao Lula"

Visualizar notícia
10

Por que Biden poupou perus em feriado dos EUA?

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

eleições 2022 Gilmar Mendes julgamento Lula Partido dos Trabalhadores (PT) STF suspeição de Moro
< Notícia Anterior

Testes com vacina para Covid-19 começam no dia 20 de julho, diz Doria

06.07.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Recriação do Ministério da Segurança Pública volta a ser discutida

06.07.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Deborah Sena Visualizar notícia
Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Visualizar notícia
Vai ser nesta semana, Haddad?

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.