Câmara cria Bancada do Pontapé
A partir desta semana, todo cidadão que visitar o Congresso Nacional deve tomar o cuidado de levar equipamento de segurança para se proteger dos deputados
Na tentativa de manter o mandato de deputado federal após expulsar a pontapés um cidadão brasileiro do Congresso Nacional, Glauber Braga (Psol-RJ) ocupou a Mesa Diretora da Câmara e só saiu de lá à força, provocando um tumulto que acabou sobrando para profissionais da imprensa.
A conduta de Glauber, que passou os últimos meses se apresentando como mártir do orçamento secreto e inimigo de Arthur Lira (PP-AL), é passível apenas de uma suspensão de mandato por seis meses, decidiram seus pares na noite de quarta-feira, 10, quando nasceu a Bancada do Pontapé.
A atualização das normas de decoro parlamentar na Câmara inclui também a possibilidade de invadir impunemente os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ainda que a Justiça brasileira venha a condenar o deputado, pois Carla Zambelli (PL-SP) também manteve seu mandato, apesar de estar presa na Itália e em processo de extradição para o Brasil.
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Decoro parlamentar?
É claro que os deputados envolvidos no perdão a seus colegas trataram de qualquer coisa, menos de quebra de decoro parlamentar, ao tomar essas decisões. Zambelli e Glauber são classificados como vítimas do sistema por seus aliados e usados como símbolos de resistência.
Nesse contexto, podem fazer o que quiserem, como perseguir eleitores de arma em punho, obrigar funcionários de gabinete a participar de esquemas de rachadinha ou agredir cidadãos diante de dezenas de câmeras de celular, pois estarão sempre protegidos por suas alegadas batalhas políticas.
A Câmara dos Deputados nunca foi exatamente um exemplo de comportamento para a população brasileira, mas agora seus membros discursam com orgulho sobre a quebra do decoro, dizendo que não se arrependem e que fariam de novo, como fez Glauber ao se defender da cassação.
Eduardo e Ramagem
A possibilidade de suspensão do mandato dos deputados federais por seis meses, que já puniu André Janones (Avante-MG), entre outros, por mau comportamento, é um avanço. Nem toda atitude ruim dos deputados merece a pena de perda de mandato.
A forma como se desenrolaram os casos de Glauber e Zambelli, contudo, advoga contra a Câmara. O mesmo já tinha ocorrido com Daniel Silveira, Washington Quaquá, Janones, e deixa no ar o questionamento: o que será dos mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ)?
Eduardo já extrapolou o número de faltas permitidas a um deputado e se defende sob a alegação de que foge de uma perseguição do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como Zambelli.
Ramagem já foi condenado por tentativa de golpe de Estado e está foragido nos Estados Unidos.
Quem apostaria, hoje, que qualquer dos dois vai perder o mandato?
Leia mais: Ninguém solta o mandato de ninguém
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Comentários (3)
Flavio marega
11.12.2025 17:03esquerda e/ou direita, farináceos de comum invólucro.
Emerson
11.12.2025 15:33Alguém disse uma vez : se vcs acham esse parlamento ruim esperem para o próximo e o próximo e o próximo ...
Fabio B
11.12.2025 10:30e novamente a esquerda venceu a "maior oposição que este país já viu".