MST segue esperneando contra o governo Lula
"Faz dois anos que eles falam em 'pacotes'. Anunciaram a tal 'prateleira de terras' e tantas outras promessas embaladas como presente de Natal", reclama Stedile
O segundo ano do terceiro mandato de Lula vai chegando ao fim, e João Pedro Stedile (foto), líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) segue esperneado contra o governo Lula.
“Apesar da boa vontade do Lula, as políticas públicas não estão chegando nos mais pobres, das periferias e do campo”, reclamou Stedile em entrevista à Folha de S.Paulo.
Segundo o líder sem-terra, “a vitória da frente ampla com Lula na cabeça foi fundamental para derrotarmos a extrema-direita, fascista e irresponsável”, mas “isso não foi suficiente para termos uma unidade no governo, em torno da construção de um projeto de país”, “um projeto focado em objetivos que orientem todos os ministérios e ações de governo”.
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“Não é pessoal”
Stedilie, que reclama desde o início do governo, cobrou “medidas que alcancem, de fato, os 70 milhões de trabalhadores que estão na informalidade, criando programas de emprego e renda, com base na reindustrialização do país para produzir em massa os bens de que a população precisa”.
“Nossa crítica não é pessoal. É uma crítica às ações insuficientes do governo. Não houve nenhuma desapropriação. Temos 72 mil famílias acampadas há anos esperando, esperando…”, reclamou, criticando:
“É um governo que destinou mais de R$ 30 bilhões neste ano em desoneração fiscal para grandes empresas —até de agrotóxicos— multinacionais e agronegócio. Não pode dizer que não tem recursos para os pobres.”
“Não falam a verdade para o presidente“
Stedile calibra as reclamações para não atingir Lula diretamente:
“Nós temos programada uma reunião de trabalho com o presidente Lula para revisar os acordos que fizemos em ampla reunião dia 14 de agosto na Granja do Torto para que ele saiba o que está acontecendo e nos ajude a resolver. A impressão que temos é que, em geral, os ministros não falam a verdade para o presidente.”
Questionado sobre o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, Stedile foi menos sutil:
“Faz dois anos que eles falam em ‘pacotes’. Anunciaram a tal ‘prateleira de terras’ e tantas outras promessas embaladas como presente de Natal.
Um pequeno exemplo. O ministro fez ato público em São Paulo para anunciar o curso de Administração Rural pelo Pronera na UFSCAR [Universidade Federal de São Carlos] há seis meses. O curso não tem um centavo. E a UFSCAR não quer começar. Então, não bastam mais propaganda, retórica, eventos e atos no Palácio. Nós queremos medidas concretas que solucionem problemas reais. E os problemas, quando não resolvidos, só se agravam.”
MST
Após anos discretos durante o governo de Jair Bolsonaro, o MST retomou as invasões de propriedade após o início do governo Lula. Em abril, o movimento liderou 32 invasões.
A retomada das ações do movimento levou à instalação de uma CPI na Câmara dos Deputados no segundo semestre de 2023. A comissão acabou sem resultado prático e sem a votação do relatório final após intervenção do governo Lula.
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Comentários (1)
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
16.12.2024 10:29Deveriam fazer uma grande manifestação em Brasília para cobrarem de todos os poderes as ações que tanto falam. Que tal?