Não existe PEC para acabar com a jornada de 6x1, o texto diz outra coisa. Entenda. Não existe PEC para acabar com a jornada de 6x1, o texto diz outra coisa. Entenda.
O Antagonista

Não existe PEC para acabar com a jornada de 6×1, o texto diz outra coisa. Entenda.

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 11.11.2024 20:21 comentários
Narrativas Antagonista

Não existe PEC para acabar com a jornada de 6×1, o texto diz outra coisa. Entenda.

Enquanto isso, a PEC da deputada nem resolve o problema real nem é viável, mas ocupa o espaço como se fosse uma bandeira séria

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 11.11.2024 20:21 comentários 2
Não existe PEC para acabar com a jornada de 6×1, o texto diz outra coisa. Entenda.
Arte: O Antagonista

A internet está debatendo de forma acalorada uma PEC da deputada Érika Hilton que teria a finalidade de acabar com a jornada 6×1, em que a semana de trabalho CLT tem 6 dias com uma folga. Mas não há nada na PEC dela falando sobre isso. O que o texto propõe é algo completamente diferente: obrigar a semana de quatro dias, com três de folga, e reduzir a jornada semanal de 44 horas para um máximo 36 horas. Isso não tem nada a ver com a escala 6×1.

Confira o texto completo:

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N° ____, DE 2024
(Da Sra. Erika Hilton)

Dá nova redação ao inciso XIII, do artigo 7° da Constituição Federal para dispor sobre a redução da jornada de trabalho para quatro dias por semana no Brasil.

As mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3° do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art. 1° O inciso XIII do art. 7° passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 7°

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e trinta e seis horas semanais, com jornada de trabalho de quatro dias por semana, facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;”
(NR)

Art. 2° Esta Emenda Constitucional entra em vigor 360 dias após a data de sua publicação.

É possível fazer um rocambole de desonestidade intelectual e dizer que, ao reduzir a semana para 4 dias, some a de 6 dias. Mas são discussões completamente diferentes. Uma é válida e fala da qualidade de vida dos trabalhadores que folgam só um dia por semana. Ela poderia avançar bastante. A outra é uma pauta copiada dos países desenvolvidos, aqueles colonialistes eurocêntriques de quem a esquerda identitária finge ter ódio.

Então, de onde veio esse ruído?

Começa com Rick Azzevedo, um ex-balconista de farmácia que viralizou no TikTok ao desabafar sobre sua exaustiva rotina de trabalho no dia 23 de setembro de 2023. Ele tinha um perfil pequeno dedicado a divas pop. Em uma folga, recebeu um telefonema da supervisora pedindo para entrar mais cedo no dia seguinte, o que reduziu ainda mais seu intervalo. Resolveu desabafar. Desligou o celular para trabalhar e, ao final do expediente, já tinha viralizado.

A dor dele ressoou em milhares de brasileiros que já enfrentaram ou enfrentam a escala 6×1. Rick chegou a quase 900 mil seguidores e virou uma potência eleitoral. Saiu candidato a vereador pelo PSOL do Rio de Janeiro e foi o que recebeu menos dinheiro do partido para a campanha. Acabou sendo o mais votado da legenda, mesmo com a falta de apoio.

O problema é que o mérito da ideia não foi reconhecido. Rick, com sua história de vida e conexão genuína com o trabalhador comum, foi o responsável por dar visibilidade ao debate sobre o 6×1. Mas, em vez de dar crédito a quem merece, setores da esquerda preferiram distorcer a história para encaixar nas suas pautas. A PEC da Érika Hilton, por exemplo, foi vendida como uma resposta à jornada 6×1, quando na verdade traz uma proposta inviável: a semana de quatro dias obrigatória.

Essa confusão ilustra dois problemas graves. Primeiro, a incapacidade da esquerda de valorizar quem realmente vem da periferia e traz ideias concretas. Em vez disso, prefere investir em discursos de “guerrilha imaginária”, onde tudo é embalado por identitarismo e lacração vazia. Segundo, o desprezo por qualquer debate sério. A proposta de Érika não foi amplamente discutida nem com a população nem com os setores que seriam impactados. No lugar de diálogo, escolhem a polarização: quem questiona a PEC é automaticamente rotulado como “escravocrata” ou “inimigo do povo”.

E é claro que uma proposta dessas não tem chance de passar. Mas, nesse jogo, a viabilidade não é o ponto. É marketing político: apresenta-se algo exagerado, sem debate, e quando vierem as críticas, a narrativa já está pronta: “só queríamos ajudar os trabalhadores, mas fomos atacados, mas os bolsonaristas são contra”. No meio disso tudo, a pauta real, o sofrimento de quem trabalha 6×1, vira moeda de troca para ganho político.

Rick Azzevedo foi a voz que trouxe o tema ao debate nacional, mas o mérito dele foi engolido. Enquanto isso, a PEC da deputada nem resolve o problema real nem é viável, mas ocupa o espaço como se fosse uma bandeira séria. A esquerda precisa entender que, sem reconhecer o mérito de quem realmente trabalha e luta, continuará perdendo relevância e apoio popular.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Praça dos Três Poderes é isolada após explosões

Visualizar notícia
2

"Um aliado do Brasil", diz Bolsonaro sobre Marco Rubio

Visualizar notícia
3

Crusoé: Marco Rubio já criticou credenciais democráticas de Lula

Visualizar notícia
4

Crusoé: Milei retira delegação argentina da COP29

Visualizar notícia
5

Polícia Civil do DF identifica homem encontrado morto na Praça dos Três Poderes

Visualizar notícia
6

GDF: Divulgação sobre autoria das explosões é ilação

Visualizar notícia
7

Lewandowski promete rigor da PF para apurar motivação das explosões

Visualizar notícia
8

PF instaura inquérito para apurar explosões na praça dos Três Poderes

Visualizar notícia
9

Vice-governadora do DF: homem tentou entrar no STF antes das explosões

Visualizar notícia
10

Cristina Kirchner condenada: faz falta um STF?

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Integrantes do PL temem 'contaminação' de lei da anistia após explosões em Brasília

Visualizar notícia
2

Lewandowski promete rigor da PF para apurar motivação das explosões

Visualizar notícia
3

Chefe do GSI garante Planalto "seguro" para Lula trabalhar

Visualizar notícia
4

Polícia Civil do DF identifica homem encontrado morto na Praça dos Três Poderes

Visualizar notícia
5

Expediente no STF é suspenso para varredura em todos os prédios

Visualizar notícia
6

"Garantir a integridade", diz Lira após suspender atividades da Câmara

Visualizar notícia
7

“Justiça segue firme e serena”, diz Flávio Dino após explosões em Brasília

Visualizar notícia
8

Vice-governadora do DF: homem tentou entrar no STF antes das explosões

Visualizar notícia
9

GDF: Divulgação sobre autoria das explosões é ilação

Visualizar notícia
10

Cristina Kirchner condenada: faz falta um STF?

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

PEC
< Notícia Anterior

Jade Magalhães segue compartilhando preparativos para o bebê

11.11.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

SBT supera a Globo em audiência

11.11.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Madeleine Lacsko

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (2)

José Carlos Marinho

12.11.2024 11:43

Trabalhei e contribui para a previdência por 37 anos. Devido a instabilidade da nossa economia tive 19 vínculos de emprego. Na maioria dos vínculos só folgava aos domingo e a jornada era de 48 horas semanais. Estou com 79 anos e não morri por isso. O argumento de qualidade vida não para em pé. O que dá qualidade de vida são melhores salários, renda e estabilidade. O que adianta ter mais folga se não tem dinheiro para o lazer? Pode estar certo jornada menor vem com ganhos menores.


Marcilio Monteiro De Souza

12.11.2024 11:20

Na verdade! O trabalhador nunca foi prioridade da esquerda. Sempre usou o trabalhador como massa de manobra.


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

A esquerda elitista que não faz mea culpa por achar que o povo é burro

A esquerda elitista que não faz mea culpa por achar que o povo é burro

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Leonardo Barreto na Crusoé: Trump assombra o PT

Leonardo Barreto na Crusoé: Trump assombra o PT

Visualizar notícia
Alexandre Soares na Crusoé: Os anti-woke já enchem uma sala grandinha

Alexandre Soares na Crusoé: Os anti-woke já enchem uma sala grandinha

Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: Flávio Dino, destruidor de livros

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Flávio Dino, destruidor de livros

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.