Após uma sequência inexplicável de entrevistas nas quais tumultuou a economia brasileira e ajudou a empurrar a alta do dólar, Lula deu nesta terça-feira, 2, um declaração que atribuiu alguma lógica — ainda que errada — a suas reclamações sobre o Banco Central e os questionamentos sobre a necessidade de seu governo conter gastos.

“Quando eu quero ver o Corinthians bem eu viro a tabela de cabeça para baixo”, publicou o perfil oficial do petista no X. O presidente tinha lamentado mais cedo, durante entrevista à Rádio Sociedade, da Bahia, a posição de seu time na tabela do Campeonato Brasileiro — o clube demitiu nesta terça-feira, 2, o treinador António Oliveira como consequência dos maus resultados.

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O deputado Kim Kataguiri (União-SP) comentou o seguinte abaixo da publicação de Lula: “É assim que você faz com o dólar também?”. Seria a única explicação para o discurso do presidente — em duas semanas, a moeda americana se valorizou 24 centavos em relação ao real, fechando a 5,66 reais na segunda-feira, 1º, não apenas pelas palavras do petista, mas também por elas.

Mentiras

Na entrevista desta terça, Lula voltou a reclamar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e, após dizer que “o mundo não pode ser vítimas de mentiras”, repetiu a mentira de que não teve influência na alta do dólar após sua famigerada entrevista ao Uol. “Fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista”, disse, omitindo que a intensidade da valorização aumentou enquanto — e pelo quê — ele falava.

“Obviamente que me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação, é um jogo de interesses especulativo contra o real nesse país. E eu tenho conversado com as pessoas sobre o que a gente vai fazer. Estou voltando [para Brasília] e quarta-feira terei uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo, não é normal”, disse o presidente.

Continua subindo

Nesta terça, contudo, não foi Lula o agente do governo a ser apontado como responsável pela subida do dólar, mas a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Questionada sobre a necessidade de contingenciamentos ao deixar reunião no Senado, ela respondeu o seguinte:

“No primeiro momento, não estamos vendo a necessidade. Vamos lembrar que o próprio arcabouço previa que se a receita comparecesse além do que nós esperávamos, seria possível abrir um crédito. Nós condicionamos um determinado valor no orçamento e depois com esse comparecimento da receita nós poderíamos descondicionar os recursos que estavam carimbados e isso aconteceu. Então o orçamento é dinâmico, porque a economia brasileira muda dia a dia.”

Após cair um pouco depois de Campos Neto falar em Portugal, o dólar voltou a subir orbitava em torno de 5,70 reais às 15h. Hora de virar de cabeça para baixo.