Ministro do TCU deixa caso sobre megalicitação da Secom em ‘banho-maria’ Ministro do TCU deixa caso sobre megalicitação da Secom em ‘banho-maria’
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Ministro do TCU deixa caso sobre megalicitação da Secom em ‘banho-maria’

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Wilson Lima
5 minutos de leitura 28.06.2024 06:45 comentários
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Ministro do TCU deixa caso sobre megalicitação da Secom em ‘banho-maria’

Mesmo com parecer técnico em representação do partido Novo, ministro não pauta processo desde maio

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Wilson Lima
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Ministro do TCU deixa caso sobre megalicitação da Secom em ‘banho-maria’
Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Apesar dos indícios de fraude apontados pela área técnica do TCU, o ministro Aroldo Cedraz ainda não autorizou o aprofundamento da investigação relacionada à megalicitação de R$ 197 milhões da Secom do governo Lula para gestão de redes sociais.

Após O Antagonista revelar o nome dos vencedores da licitação com exclusividade e um dia antes de ela ter sido realizada, o partido Novo foi ao TCU solicitar uma investigação sobre o caso; deputados e senadores de oposição também apresentaram representações por suspeitas de que houve direcionamento no procedimento licitatório.

Como mostramos nesta quinta-feira, 27, a área técnica do TCU apontou “falhas graves” no certame e “possibilidade de direcionamento do procedimento licitatório”.

O procedimento prévio foi instaurado em 26 de abril deste ano e desde 9 de maio aguarda uma manifestação do ministro sobre o acolhimento ou não das representações. Caso ele acolha, haverá a intensificação das investigações e a realização de diligências – inclusive ouvindo membros da Secom sobre o caso – e a possibilidade até de suspensão do certame, caso os achados complementares da área técnica sejam considerados gravíssimos.

Caso o ministro não acolha a representação, o caso será definitivamente arquivado.

O resultado da megalicitação foi antecipado por O Antagonista em 23 de abril, um dia antes de ela ter sido realizada por meio de uma mensagem cifrada no X – antigo Twitter (post abaixo). As quatro primeiras colocadas do certame foram justamente aquelas adiantadas por este site: Moringa, BR Mais Comunicação, Área Comunicação e Usina Digital. A Moringa teve 91,34 pontos; a BR 91,17 pontos, a Area 89 pontos e Usina 88,16 pontos. 

Depois que o resultado foi divulgado, a Moringa e a Área Digital depois foram desqualificadas por falhas documentais.

Na época da licitação, a Secom era comandada por Paulo Pimenta.

Entretanto, de acordo com o que determina a Lei 12.232/2010, que dispõe sobre “normas gerais para licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda”, mesmo diante da contratação de empresas pelo critério de “melhor técnica”, a abertura dos envelopes com as propostas deveria ocorrer apenas no dia da licitação, e não antes.

Quais as evidências de fraude na megalicitação da Secom?

Ainda por essa lei, a “comissão permanente ou especial não lançará nenhum código, sinal ou marca nos invólucros padronizados nem nos documentos que compõem a via não identificada do plano de comunicação publicitária”. A medida é necessária para assegurar a lisura do processo.

No entanto, com o vazamento das informações sobre os vencedores um dia antes, os técnicos do TCU argumentam que “há indícios de que o sigilo quanto à autoria das propostas acabou sendo violado”, o que pode ser visto como uma falha ou mesmo fraude ao procedimento licitatório, com indícios de direcionamento dos vencedores.

“Diante das evidências trazidas aos autos, há indícios de que o sigilo quanto à autoria das propostas acabou sendo violado no curso da Concorrência 1/2024 da Secom. Se os invólucros nº 2, correspondentes às vias identificadas dos planos de comunicação, somente foram abertos, de fato, em 24/4/2024, conforme consignado na ata da 2ª sessão pública da licitação (peça 10), houve alguma falha e/ou fraude nos procedimentos que permitiram antecipar o resultado da licitação”, informou a área técnica do TCU.

“Irregularidade grave”, dizem auditores do TCU, sobre ação da Secom

“Diante do que foi relatado, entende-se configurado o pressuposto da plausibilidade jurídica, dadas as evidências de que houve quebra do sigilo das propostas técnicas das licitantes, com a divulgação do resultado provisório do certame antes da data prevista para abertura dos invólucros contendo as vias não identificadas dos planos de comunicação digital”, acrescentaram os técnicos.

“Se a subcomissão técnica conhecia antecipadamente a autoria de cada proposta técnica, como sugerem as evidências, o fato se constitui em irregularidade grave, conforme sustenta o representante, resultando em possível direcionamento do certame e maculando todo o procedimento da licitação”, pontuam os auditores.

Na peça, os auditores do TCU recomendam o recebimento da representação e oitivas com integrantes da Secom para entender por quais motivos houve o vazamento desse tipo de informação. A área técnica também recomendou a realização de diligências junto à Secom para a obtenção de documentos e o alerta ao órgão para a possibilidade de concessão de uma medida cautelar para suspender a concorrência. Concorrência essa que ainda não foi homologada.

Como mostramos essa semana, ao invés de explicar, a Secom minimizou os indícios de irregularidades.

Em reposta encaminhada a integrantes da Câmara, o órgão negou qualquer tipo de influência política e disse aos deputados responsáveis por esse tipo de questionamento que a divulgação antecipada não passou de um ‘palpite’.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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