É dia de Copom, bebê!
A taxa básica de juros, Selic, deve continuar a ser reduzida, mas o ritmo pode sair de 0,50 p.p. para 0,25 p.p. nesta reunião do comitê
Desde agosto do ano passado, quando o Banco Central iniciou o ciclo de cortes da taxa básica de juros, uma reunião do Comitê de Política Monetária tem tanta expectativa quanto a desta quarta-feira, 8. O colegiado anuncia às 18h30 mais uma redução na taxa básica de juros, mas a dúvida é sobre a magnitude do corte.
Esta será a sétima redução na Selic, que em agosto estava em 13,75% ao ano, e agora se encontra em 10,75% a.a.. Até aqui, todos os cortes foram de 0,50 ponto percentual, mas incertezas no horizonte econômico, tanto localmente quanto no exterior devem forçar a autoridade monetária a reduzir a velocidade de queda da taxa básica de juros brasileira.
No campo das indefinições locais, a insegurança do mercado com o apreço do governo Lula à responsabilidade fiscal e às metas de resultado primário cresceram com o anúncio de alterações nos objetivos para as contas públicas em 2025, que deixou de ter como alvo superávit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para buscar déficit zero, e em 2026, que reduziu a promessa do equivalente a 1% do PIB de receitas acima das despesas para 0,25%.
Além disso, receios com os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul para a economia brasileira também tem, aparentemente, dificultado a visibilidade sobre a pressão sobre os preços nos próximos meses. Economistas ainda tentam quantificar o impacto inflacionário da perda de parte importante da safra gaúcha e os problemas que ainda serão sentidos com os prejuízos à infraestrutura local no que diz respeito ao escoamento dos produtos produzidos no sul do país.
No cenário internacional, as indicações de que os efeitos da política monetária americana ainda precisarão de mais tempo para levarem as inflação por lá à meta de 2% também dificultam a decisão do Copom. O PCE (índice de gastos em consumo pessoal, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, saiu de 2,84% para 2,82% em base anual no período entre a última decisão do Comitê local sobre juros e agora, ou seja, ficou praticamente estável. O número preocupa os agentes de mercado que entende que isso justificaria uma demora maior para a redução dos juros americanos.
Com taxas mais altas nos Estados Unidos, o dólar fica mais atraente aos investidores globais, e isso pressiona moedas emergente, como o real. Assim, o Banco Central teria pouco espaço para baixar mais as taxas locais. Com o real desvalorizado, as importações ficariam mais caras, o que também atrapalha o combate à inflação local.
Em diversas falas públicas anteriores à reunião do Copom, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que indicou que essa incerteza sobre os rumos do combate à inflação no exterior poderia forçar a autoridade monetária brasileira a reduzir o ritmo dos cortes da Selic.
O mercado parece concordar com RCN e tanto as opções de Copom negociadas na B3 quanto a precificação da curva futura de juros estão majoritariamente posicionadas por um corte de apenas 0,25 ponto percentual mais tarde nesta quarta-feira, 8.
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