Crusoé: O que Milei não entendeu sobre as ilhas Malvinas
O presidente argentino participou de um evento para lembrar dos mortos na guerra contra o Reino Unido e disse que é preciso reivindicar soberania sobre as ilhas
As ilhas Malvinas não são argentinas, nunca foram. Em 2013, 1.1513 dos seus 1.516 moradores, conhecidos como kelpers, votaram em um referendo para que o território continuasse sendo parte do Reino Unido. Qualquer um que defenda a autodeterminação dos povos sabe interpretar esses números. Não há, portanto, qualquer soberania argentina nas ilhas.
Mas o presidente libertário Javier Milei também não entendeu isso. Ele comete, assim, o mesmo engano dos ditadores militares e dos peronistas, que usaram a reclamação pelas Malvinas (na realidade, Falklands) para tentar angariar apoio popular.
Em um evento para marcar o Dia do Veterano e dos Mortos na Guerra das Malvinas nesta terça, 2, Milei reclamou a soberania das Malvinas.
“A melhor homenagem àqueles que deram a vida pelo nosso país é defender a reivindicação inabalável pela soberania argentina sobre as Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes”, disse Milei.
No dia 2 de abril de 1982, a ditadura da Argentina enviou uma operação anfíbia para recuperar de surpresa o arquipélago das Malvinas. A reação do governo da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher foi rápida. No dia seguinte, ela disse que enviaria uma frota armada para o sul do Oceano Atlântico. No dia 3, o Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu a retirada das forças argentinas e a retomada das negociações. Como a resolução não foi respeitada, a guerra prosseguiu. Em 74 dias, o Reino Unido retomou o controle do arquipélago. Mais de 600 soldados argentinos e 255 britânicos morreram no conflito.
Mas, em vez de admitir que a guerra foi um erro, e que jovens argentinos morreram inutilmente por causa de uma decisão equivocada dos militares, Milei gasta tempo e esforço para se juntar aos que enaltecem e justificam essa aventura desastrosa.
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