Crusoé: A ousadia de Milei
O presidente da Argentina suspendeu as atividades da agência de notícias pública Télam em um ato movido por princípios, não pragmatismo
O presidente argentino, Javier Milei, suspendeu as atividades da agência de notícias pública Télam em um ato movido por princípios, não pragmatismo, diz Crusoé.
“O presidente da Argentina, Javier Milei, avançou com planos para fechar a agência de notícias pública Télam nesta semana. Privatizá-la foi uma promessa de campanha, relembrada no discurso do presidente ao plenário da Câmara dos Deputados na abertura do ano legislativo, na sexta passada, 1º de março. Milei sempre acusou a Télam de fazer propaganda peronista e de consumir um gasto público desnecessário. Na segunda, 4, o governo dispensou os cerca de 750 funcionários do veículo por sete dias. A polícia expulsou os empregados que estavam na redação da Télam, em Buenos Aires, naquela madrugada e cercou suas dependências. Desde então, o site da agência está fora do ar. É um cenário bem diferente do visto quando Jair Bolsonaro, que falava em privatizar a Empresa Brasil de Comunicação, EBC, preferiu cooptá-la para veicular sua propaganda.
“A suspensão da Télam é uma questão de princípios de Milei, mais do que de pragmatismo. Fundada por Juan Domingo Perón em 1945, a agência foi manchada por coberturas tendenciosas. Em 2021, na gestão Alberto Fernández, a agência publicou conteúdo falso para tentar omitir uma festa na residência oficial de Olivos, que descumpria o protocolo de confinamento da pandemia. Por outro lado, a economia feita com o fim da Télam, cerca de 20 milhões de dólares ao ano, é insignificante perto de gastos e problemas estruturais graves, como o sistema previdenciário, que contribuem para uma dívida pública na casa das centenas de bilhões de dólares. Se por um lado qualquer corte de gasto é válido para um presidente que se move por princípios e quer atingir um objetivo, por outro, Milei também poderia ter problemas ao não tentar ser pragmático.”
“Para concluir uma privatização de verdade, e não apenas sucatear uma empresa pública que emprega centenas de pessoas, Milei teria de cumprir com requisitos jurídicos e minimizar o desgaste político.”
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