Santos reconhece o próprio tamanho para liderar o Paulistão
Postura adotada dentro e fora de campo deve ser determinante para o retorno à Série A, mas a nota sobre Edina escancarou o atual tamanho do clube
Nenhum clube entre os maiores do Brasil começou 2024 tão bem quanto o Santos, que havia terminado 2023 entre os piores. Após ter sido rebaixado pela primeira vez em sua história, no Campeonato Brasileiro, o time da Vila Belmiro lidera o Campeonato Paulista na classificação geral (só pode ser ultrapassado pelo Palmeiras, que tem jogos a menos) e garantiu na noite de quarta-feira, 14, a passagem para a próxima fase da competição, ao vencer o São Paulo fora de casa por 1×0.
O clássico expôs um time sereno, apesar das limitações e das chances oferecidas aos donos da casa, que, desfalcados, tiveram dois gols anulados por detalhes e, apesar de dominarem as ações da partida, não foram capazes de aproveitar as oportunidades criadas.
À moda Carille
Consistente defensivamente, bem à moda do treinador Fábio Carille, o Santos conta apenas uma derrota no ano, para a favorito Palmeiras, e está entre as melhores defesas do Paulistão, com apenas cinco gols sofridos, ao lado de Novorizontino e do rival alviverde.
A dupla de meio Pituca e João Schmidt é fundamental para esse equilíbrio defensivo do time, que conta ainda com Gil, descartado prematuramente pelo Corinthians, para proteger a meta de Rafael Cabral.
Precavido, o time demonstra que sabe exatamente seu lugar no momento e, a continuar na mesma toada, voltará para a Série A do Brasileirão com tranquilidade neste ano.
A comparação com o Corinthians, que se safou por pouco no ano passado e começou 2024 capengando, vítima de uma postura bem menos humilde que a do Santos, destaca ainda mais os acertos do Peixe.
Edina
Nada deixou mais claro o atual tamanho do Santos, contudo, quanto a nota publicada para pressionar a árbitra Edina Alves antes da partida contra o São Paulo.
“Sobre a escolha da árbitra Edina Alves para apitar o clássico São Paulo e Santos no Morumbis, o Santos FC respeita a decisão da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, espera que graves erros cometidos pela árbitra no passado tenham servido de reflexão e aprimoramento em seu nível técnico para que possa conduzir junto com seus auxiliares um jogo tão importante da primeira fase do Campeonato, sem prejuízo ao espetáculo, para que os protagonistas da partida sejam os atletas”, diz a nota divulgada às vésperas da partida.
A mensagem termina assim: “O Santos FC está em fase de reconstrução de sua história, não precisa ser beneficiado, mas exige retidão e imparcialidade para que nada o prejudique nesta retomada”.
Sombra
A nota do Santos, baseada em partida de 2022 contra o próprio São Paulo, na qual Edina não marcou dois pênaltis reclamados pelos alvinegros, jogou uma sombra sobre a arbitragem da partida, que acabou decidida por um pênalti convertido pelo colombiano Morelos (foto).
A marcação da penalidade ocorreu após intervenção do VAR, que interveio também para anular o gol de empate do São Paulo ao fim da partida, por um toque na mão de Erick. As interpretações sobre as decisões foram inevitavelmente condicionadas pela nota da diretoria santista.
As duas marcações — em especial a do pênalti — foram contestadas pelos são-paulinos. O presidente tricolor, Júlio Casares, reclamou da arbitragem “insegura” de Edina, que “picotou o jogo” e teria beneficiado o Santos na marcação de faltas.
O tamanho
Casares também criticou o Santos pela publicação da nota. “A gente lamenta, acho que uma nota antes do jogo remete ao futebol antigo. A federação precisa preparar os árbitros psicologicamente. Se isso vira moda, todos os clubes fazem nota na imprensa e desestabilizam o árbitro”, comentou.
A postura adotada pelo Santos — dentro e fora de campo — deve ser determinante para que o time volte à época de glórias, mas a nota divulgada antes da partida falou bem mais sobre o atual tamanho do clube do que seus dirigentes devem ter calculado.
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