Crusoé: O pacto nefasto entre Bukele e as maras
Especialista em segurança nacional, Douglas Farah afirma que acordo entre o presidente de El Salvador e grupos criminosos pode se romper a qualquer momento
O pesquisador e jornalista Douglas Farah, fundador e diretor da consultoria IBI Consultants, nos Estados Unidos, afirma que o presidente reeleito de El Salvador, Nayib Bukele, negociou com as organizações criminosas, as maras, para obter uma redução da taxa de criminalidade em seu país. Ao deixar a população contente, Bukele foi reeleito com mais de 85% dos votos.
“Desde o começo, Bukele, mesmo antes de ser presidente, já tinha feito vários pactos, especialmente com a Mara Salvatrucha e com a MS-13, para chegar ao poder como prefeito de San Salvador. O pacto pedia uma redução dos níveis de violência. Em troca, as gangues entraram diretamente nos temas da política. Então, elas começaram a receber dinheiro do Estado para várias coisas”, disse Farah ao Crusoé Entrevistas. “É um pacto nefasto, uma paz sem sustentação que pode arrebentar a qualquer momento. Mas, sem dúvida, a maioria das pessoas, ao ver reduzir os níveis de violência, agora está contente.”
Douglas afirma que diversas pessoas do governo de Bukele são próximas das maras. Entre elas estão vice-ministros e suplentes de deputados no Congresso. No governo anterior, há dez anos, as maras passaram a mandar seus melhores integrantes para trabalhar na polícia e ao Exército. “Eles também estão incrustados nos municípios, onde têm as suas sedes. É através dos municípios que eles recebem a maior parte dos benefícios do governo”, diz Farah.
Um exemplo desse pacto é que quando os Estados Unidos pediram a extradição de um dos líderes de uma organização criminosa. “O vice-ministro de Segurança escoltou o principal membro da facção para fora do país e deu garantias de Estado para que ele chegasse em segurança ao México. Há muitos elementos claros que indicam a participação muito direta do governo com as maras”, diz Farah.
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