Índice de corrupção: Gilmar acha que não é bem assim
Para o ministro do Supremo Tribunal Federal, um índice baseado em percepções "precisa ser visto com cautela"
O ministro Gilmar Mendes (foto), do Supremo Tribunal Federal (STF), minimizou nesta terça-feira, 30, o resultado do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2023, que registrou a queda de dez posições do Brasil no ranking elaborado pela Transparência Internacional.
Para o decano, um índice baseado em percepções “precisa ser visto com cautela”.
“Um índice baseado em percepções precisa ser visto com cautela. A questão exige exame mais aprofundado, a fim de evitar conclusões precipitadas”, escreveu o magistrado na rede social X, antigo Twitter.
O ex-deputado federal Deltan Dallagnol debochou do comentário de Gilmar Mendes, dizendo que ele anulou o índice de corrupção após anular todos os casos de corrupção no Brasil.
“Extra: decisão do ministro Gilmar Mendes anula índice de percepção da corrupção, depois de anular todos os casos do Brasil que têm a ver com corrupção. Primeiro, livrou os réus. Agora, livrou o governo”, afirmou o ex-procurador da Lava Jato.
Brasil cai em ranking de percepção da corrupção
Como informou Crusoé, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2023 registrou queda de dois pontos e dez posições do Brasil no ranking que avalia as linhas de defesa contra a corrupção nas áreas judicial, política e social.
Em uma escala de zero a 100, em que zero é a pior percepção de corrupção, o Brasil ficou com 36 pontos.
Dos 180 países avaliados, o país ficou na 104ª posição, logo atrás de Belarus, Etiópia, Gambia, Zâmbia e Argélia.
Em 2012, o Brasil estava muito melhor, em 69º lugar.
Falta de independência do sistema de Justiça
No IPC 2023, a Transparência Internacional fez uma referência ao ministro do STF Cristiano Zanin, sem citar o seu nome: “A nomeação do advogado pessoal do presidente para a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal foi na direção contrária da restauração da imagem de imparcialidade do principal tribunal brasileiro, atraindo vastas críticas que repercutiram inclusive internacionalmente”.
A entidade também viu problemas na escolha de Paulo Gonet para o cargo de procurador-geral da República, que foi feita desconsiderando a lista tríplice apresentada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, e lembrou a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que anulou as provas do acordo de leniência da Odebrecht (atual Novonor). A medida foi reprovada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE.
O desmonte e o abandono da luta anticorrupção por Bolsonaro e Lula
A Transparência Internacional afirmou que a queda do Brasil no ranking de percepção da corrupção é retrato do “desmonte da luta contra a corrupção durante o governo Bolsonaro” e do “abandono” da pauta pelo governo Lula.
“Em nossa análise, o resultado do IPC 2023 é um retrato do desmonte da luta contra a corrupção durante o governo Bolsonaro e do abandono, em grande medida, da pauta pelo governo Lula, além de novos retrocessos”, disse a entidade.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)