Mercadante jura que desta vez vai ser diferente
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante fez uma defesa apaixonada da industrialização no Brasil durante o...
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante fez uma defesa apaixonada da industrialização no Brasil durante o lançamento do programa Nova Indústria Brasil, na segunda-feira, 22, no Palácio do Planalto. Não parece ter convencido.
“Não temos como reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é desacreditar da importância do mercado, que é uma instituição indispensável no desenvolvimento econômico”, argumentou Mercadante.
“A gente rega essa indústria ou não vamos ter um mercado de trabalho de emprego qualificado, com inovação em ciência e tecnologia. O Brasil é a nona economia, vai virar a oitava e pode ser mais do que isso. Mas, sem indústria, não chegaremos lá”, acrescentou, citando China e Estados Unidos como exemplo:
“Quero perguntar a esses que todos os dias escrevem dizendo que estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China. Por que a China é o país que mais cresceu no mundo durante 40 anos? Me expliquem a política econômica americana: subsídio, incentivo, investimento público, atraindo empresas, inclusive, brasileiras, que estão indo para lá por esses subsídios, que recebem na frente, em dinheiro do Tesouro.”
A mesma praça, o mesmo banco
O discurso não foi o bastante para evitar a alta de mais de 1% do dólar frente ao real na segunda — a moeda americana fechou cotada a 4,99 reais, o maior patamar desde novembro. Os juros futuros de longo prazo também registraram aumento, de cerca de 7 pontos base. Na bolsa de valores, enquanto os índices acionários em Nova York apresentaram alta, o Ibovespa recuou 0,81%, de volta aos 126,6 mil pontos – o menor nível em mais de um mês.
Para o economista Marcos Lisboa, a política de industrialização do governo Lula parece “reeditar velhos instrumentos que distribuem recursos públicos a acionistas do setor privado”. Ele disse ao Estadão que “pelos textos divulgados até agora, insistimos nos subsídios e regras de conteúdo nacional que fracassaram no começo da década passada”.
Sócio-fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall disse ao mesmo Estadão que “é um mero cacoete repetir aquilo que você sempre defendeu, mesmo que não haja evidências de que já deu certo no passado ou que vai dar agora”.
“É a política do Dia da Marmota”, resumiu a economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES, para O Globo. “Estão sendo anunciados os mesmos instrumentos do passado para estimular a indústria. No Dia da Marmota, as coisas se repetem, mas pelo menos se aprende com o comportamento passado. No Brasil, em relação à política industrial, isso não acontece”, completou.
Não façam suas apostas.
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