Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente
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Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente

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Catarina Rochamonte
8 minutos de leitura 14.12.2023 14:01 comentários
Análise

Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente

O jornalista britânico e editor do The Sunday Telegraph, Allister Heath, publicou, em 13 de dezembro, um artigo de opinião no qual afirma que “a civilização ocidental está sendo destruída por dentro por...

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Wokismo: o destrutivo tsunami ideológico que ameaça o Ocidente
Reprodução/X

O jornalista britânico e editor do The Sunday Telegraph, Allister Heath, publicou, em 13 de dezembro, um artigo de opinião no qual afirma que “a civilização ocidental está sendo destruída por dentro por forças que não podemos controlar”.

Essas forças de dissolução, segundo ele, foram subestimadas por muito tempo e aqueles que “alertaram para a ameaça devastadora representada pela tomada das nossas instituições por ideólogos conscientes (woke ideologues) foram implacavelmente atacados e ridicularizados”.

A “terrível verdade” exposta por Heath no referido artigo é que essas pessoas que supostamente se preocupam com os outros e que dizem acreditar na justiça social e na auto-realização sexual, combater o preconceito, esclarecer a história, promover a igualdade e salvar o planeta são as mesmas que apoiam abertamente o genocídio.

Embora grande parte da mídia esteja embotada pela ideologia woke, o referido artigo do The Telegraph é uma amostra de que vozes qualificadas têm denunciado, aqui e ali, o paradoxo desses que se pretendem politicamente corretos ao mesmo tempo em que relativizam e justificam as piores barbáries.

Recentemente, em 11 de dezembro, o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ) publicou um artigo de opinião do seu correspondente político, Benedict Neff, intitulado “Traktat über die Verirrten: Der Palästina-Konflikt demaskiert die radikale Linke” (Tratado sobre os Perdidos: O Conflito Palestino Desmascara a Esquerda Radical).

Nesse artigo, o analista político suíço explica a infiltração da ideologia radical esquerdista nas universidades, sob o manto das teses antirracistas e pós-colonialistas, e denuncia a hipocrisia desses radicais diante das atrocidades cometidas pelo grupo terrorista Hamas:

“Há acontecimentos que levam a uma clareza peculiar. Um exemplo é o massacre do Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023. Um desmascaramento ocorreu longe dos combates. Depois de os terroristas palestinos massacrarem e raptarem mais de 1.000 civis inocentes, os ultra-esquerdistas e os islamistas do Ocidente saíram juntos às ruas para se manifestarem contra Israel. O crime não foi motivo para estes esquerdistas radicais mostrarem solidariedade para com as vítimas. Pelo contrário, deram proteção aos flancos dos perpetradores”, escreveu o articulista suíço.

Ambos os artigos citados denunciam que o 7 de outubro escancarou um absurdo padrão de pensamento que já existia há muito tempo, mas não era levado a sério; um padrão de pensamento no qual os modelos ideológicos seriam mais forte do que a compaixão humana:

“Hoje podemos considerar isto ingênuo, mas acredito que muitas pessoas — incluindo muitas da esquerda — só recentemente se tornaram plenamente conscientes do pensamento delirante e mecânico dos extremistas de esquerda, baseado em teorias pós-coloniais e antirracistas. Porque basicamente estes esquerdistas radicalizados disseram: os israelenses não são vítimas e não podem ser vítimas”, escreveu Benedict Neff, no NZZ.

“Forma demente de pensar”

Allister Heath, do The Telegraph, liga essa “forma demente de pensar” ao “destrutivo tsunami ideológico desencadeado pelos fanáticos despertos (woke fanatics)”. Para ele, embora muitos já compreendam, por exemplo, que “o aumento da defesa extrema dos trans levou à mutilação de muitas crianças e à erosão dos direitos das mulheres”, “a natureza autoritária, e até mesmo fascista, da ´teoria crítica da raça´ e da ´teoria pós-colonial´ foi subestimada”.

Depois do constrangedor silêncio das organizações feministas em relação à violência sexual contra as mulheres israelenses, deu-se o caso das dirigentes de Harvard, da Universidade da Pensilvânia e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que, ao serem questionadas por uma comissão do Congresso dos EUA, se recusaram a confirmar que o apelo ao genocídio dos judeus violaria o código de conduta das universidades e disseram, com um sorriso sarcástico nos lábios, que isso “dependeria do contexto”.

Não é de surpreender, afinal, que, para os ideólogos radicais da esquerda, o massacre de 7 de outubro, orquestrado sinistramente pelo Hamas, também não pode ser analisado sem um contexto, ou seja, sem ser justificado dentro da ideologia woke que divide o mundo em opressores e oprimidos.

“O povo judeu é classificado como ´branco´ ou ´branco adjacente´ e, portanto, opressor, e isto supostamente dá aos manifestantes luz verde para entoar slogans que qualquer observador objetivo deveria considerar apoiar o genocídio”, explica o analista do jornal britânico.

Ele lembra ainda o quão essas pessoas que se recusam a criticar as manifestações pró-Hamas antissemitas são “paranóicos obcecados por microagressões com códigos discursivos estritos para prevenir ofensas”.

Duplo padrão

Sob a óptica dessa etiqueta discursiva politicamente correta, que escancara o duplo padrão moral que grassa hoje na maioria das universidades, professores ou estudantes podem ser perseguidos caso errem um pronome de quem mudou a identidade de gênero, mas clamar pela “Intifada revolution” e cantar “from the river to the sea”, que são inequivocamente vistos como apelos ao terrorismo e à eliminação de Israel do mapa, são atitudes analisadas de modo muito complacente, pois dependeriam contexto.

Segundo o artigo do The Telegraph, essa “normalização do racismo com um toque de década de 1930”, que tem tomado conta das universidades, impacta muito negativamente a sociedade:

“O vírus da mente desperta (woke mind) transformou outrora grandes centros de aprendizagem em campos de doutrinação, veículos para fabricar consentimento para ideias niilistas e um novo obscurantismo.”

Ainda segundo o analista britânico, é a “hierarquia de vitimização”, própria da ideologia woke, a razão pela qual algumas pessoas “ainda admiram as moralmente falidas Nações Unidas”:

“O enviado do Irã ter presidido a uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, apesar de a República Islâmica ser um dos principais violadores dos direitos humanos não importa, argumentam os extremistas despertos (woke extremists): é um membro do ‘sul global’, lutando contra o ‘imperialismo’.”

O artigo de Allister Heath também critica a UNRWA, tantas vezes denunciada aqui, em O Antagonista:

“Tomemos o exemplo da UNRWA para os Refugiados da Palestina: transformou os seus pupilos numa classe perpétua de refugiados, roubando-lhes a agência e rotulando as suas cidades como “campos de refugiados” permanentes. Os palestinos são o único povo para quem o estatuto de refugiado é automaticamente transmitido através das gerações, garantindo que as suas queixas nunca possam ser resolvidas e que a burocracia da ONU possa manter o seu trem da alegria na estrada. Isto é uma tragédia para os palestinos e torna a paz quase impossível.”

O artigo também tece duras, mas pertinentes, críticas ao ambientalismo de Greta Thumberg, as quais reproduzimos a seguir:

“O ambientalismo de Greta Thunberg parece agora ser uma mera tábua de um movimento revolucionário mais amplo. Entre outros ataques a Israel, ela foi filmada cantando “esmague o sionismo” em um comício em Estocolmo em novembro. Foi também coautora de um artigo para o The Guardian no qual alega que Israel cometeu “crimes de guerra” e “genocídio”, um caso clássico de inversão moral e culpabilização da vítima. […]

O que tem a israelofobia de Thunberg a ver com a abordagem de um problema técnico como o aquecimento global? A resposta é tudo e nada: os fanáticos verdes mais extremos são autoritários woke que querem travar guerra à meritocracia, ao individualismo, à racionalidade, ao capitalismo e até à democracia moderna. As alterações climáticas são apenas um pretexto para fomentar uma convulsão mais ampla. É por isso que tantos verdes radicais não estão interessados em soluções tecnológicas para a descarbonização.

Os aliados de Thunberg acreditam que ‘não há justiça climática sem direitos humanos’. Assim, com a ‘justiça climática’ não se trata de reduzir o crescimento das temperaturas médias: trata-se de destruir Israel, de lutar contra o sonho americano, de eliminar a liberdade de expressão e assim por diante. A ‘justiça climática’ não tem realmente a ver com clima nem com justiça, tal como a ‘justiça social’ é antissocial e injusta.”

A agenda woke, obviamente, não sobreviveria fora do mundo livre e seus defensores seriam friamente eliminados caso os fanáticos islâmicos lograssem êxito em impor sua visão de mundo teocrática. Mas o ódio ao “ocidente colonizador” parece ser maior do que o instinto de sobrevivência que deixaria entrever essa verdade.

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