Nenhum ministro do Supremo Tribunal Federal negou a existência do petrolão, nem do 8/1 e de tramas contra a democracia.
Ainda que considerássemos somente os votos mais favoráveis a Lula e Jair Bolsonaro em ambos os processos penais, como fazem seus ativistas, teríamos dois presidentes que, em graves escândalos, ‘não sabiam de nada’.
Assim como teria ocorrido nos casos do mensalão e do roubo dos aposentados no INSS, o atual presidente e ex-condenado não teria conhecimento do esquema de suborno da Petrobras, nem qualquer responsabilidade por seu funcionamento ao longo dos anos, embora tenha nomeado diretores da companhia e fosse aliado dos empresários beneficiados com contratos públicos – vários dos quais, por coincidência, reformavam imóveis frequentados por ele e/ou faziam doações milionárias a seu instituto e/ou o remuneravam por palestras que, por coincidência, ocorriam em países governados por seus aliados, onde, por coincidência, as respectivas empresas tinham interesse em obter outros contratos públicos.
Já o ex-presidente e agora condenado não teria conhecimento dos crimes de abolição do Estado Democrático de Direito cometidos por dois subordinados próximos a ele no governo: seu então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e o então ministro e candidato a vice-presidente em sua chapa, general Walter Braga Netto; nem do plano “Punhal Verde Amarelo”, de “neutralização” de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, impresso no Palácio pelo seu autor, o então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes; nem do grupo “Copa 2022” de monitoramento de autoridades por “kids pretos”; tampouco teria relação com invasões, depredações e incêndios, cometidos por seus apoiadores; e, se chegou a apresentar minuta sobre Estado de exceção a chefes das Forças Armadas, não passou de “mera cogitação”.
Na hipótese, portanto, mais benevolente na esfera criminal, Lula e Bolsonaro, ainda assim, são gestores incapazes de desestimular e evitar, em seu entorno, atos abomináveis e causadores de conturbação nacional, que prejudicam o desenvolvimento do país.
Apesar da propaganda de ambos os lados, não há Ricardo Lewandowski nem Luiz Fux que apaguem isso.
Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam: