O imposto do streaming e a predileção por pilantragem O imposto do streaming e a predileção por pilantragem
O Antagonista

O imposto do streaming e a predileção por pilantragem

avatar
Gustavo Roque
4 minutos de leitura 15.05.2024 18:58 comentários
Madeleine Lacsko

O imposto do streaming e a predileção por pilantragem

Esse projeto de lei prevê uma contribuição de até 6% do faturamento bruto das plataformas de streaming, como Netflix, Amazon Prime, Disney Plus e outras

avatar
Gustavo Roque
4 minutos de leitura 15.05.2024 18:58 comentários 0
O imposto do streaming e a predileção por pilantragem
Arte: O Antagonista

Ontem as redes sociais explodiram com a tentativa de votação do PL 8889/2017, meio na calada da noite, enquanto o Brasil tem seus olhos voltados à tragédia no Rio Grande do Sul.

É mais um do pacote de audiovisual e internet que tramita no Congresso Nacional. São várias mudanças importantes e que têm impacto no cotidiano das pessoas, na produção de cultura e no debate público. No entanto, são pouco discutidas, passam despercebidas e, quando a discussão explode, é distorcida por pilantras.

Esse projeto de lei prevê uma contribuição de até 6% do faturamento bruto das plataformas de streaming, como Netflix, Amazon Prime, Disney Plus e outras. Existe, no entanto, uma exceção. Não pagam impostos plataformas que pertençam a concessões públicas, como é o caso de rádio e televisão. Pensou em Globo Play? É por isso que o projeto foi apelidado de PL da Globo.

Além disso, é prevista também a cobrança de imposto dos influencers. Pela definição legal, não falamos daqueles grandes produtores de conteúdo, que faturam alto, mas de qualquer um que venha a faturar um trocado.

Não acaba aí. As plataformas de streaming teriam de ter 10% de conteúdo nacional. Metade disso precisaria vir de produtores cujo quadro societário ou direção tivesse pelo menos 51% de pessoas pertencentes a minorias pré-determinadas, como mulheres, negros e deficientes.

É muita mudança e pouca discussão. Tem gente que descobriu essa história ontem e ficou desesperada. O projeto tramita há sete longos anos na Câmara dos Deputados.

Diante da tentativa de votar, houve uma reação. A ação nas redes sociais e a cobrança dos parlamentares foi efetiva, como tende a ser em casos como esse. O relator do projeto retirou da pauta a contragosto, sabia que seria derrotado.

Tudo andava bem, mas daí surgem os oportunistas. Nós já sabemos que, enquanto houver otário, malandro não morre de fome. Os espertos começaram a comoção em rede social se aproveitando da indignação justa das pessoas, da vontade de conhecer política, da lei do mínimo esforço e da falta de experiência política.

A mobilização deu certo, só que foi rápida demais. Melhor ainda para parlamentares e ativistas sérios. Já para deputados hashtag e influencers da chinelagem, isso é ruim. Eles fingem que se importam com o assunto do qual falam, mas só estão interessados em engajamento.

Nesse cenário, o sucesso e a rapidez são ruins. Não dá para criar um inimigo nem fazer um “call to action”. Que remédio? Enganar gente de boa fé mas pouco conhecimento sobre a votação do regime de urgência.

Fizeram uma lista de quem aprovou que o projeto tramitasse em regime de urgência. Instigaram seus seguidores a demolir essas pessoas. Muita gente pensou que essa votação foi ontem, mas foi em agosto do ano passado.

O argumento básico do ataque é que só vota a favor da urgência quem é a favor do projeto. Para pessoas sem vivência parlamentar, parece lógico. Não é factível. É possível ser a favor da urgência para enterrar um projeto. Isso já virou estratégia parlamentar há muito tempo.

Decretar urgência do que não é urgente sabota a democracia, diminui debates necessários sobre temas importantes. Há os que argumentem a demora excessiva no trâmite. O projeto de que falamos agora, por exemplo, demorou sete anos para passar em apenas duas das várias comissões que precisaria percorrer. É um tema que os parlamentares precisam enfrentar.

Ocorre que é chato e difícil. Melhor jogar para a galera que finge querer participar de política mas quer só atacar alguém e vive pela lei do mínimo esforço. Quem saiu ontem crucificando deputado que votou pela urgência não quer saber de soluções nem de realidade, muito menos de política. O frisson de atacar em grupo é muito melhor, não requer muito esforço nem raciocínio.

A lei do mínimo esforço é a melhor amiga dos projetos mais castradores. O PL do streaming continua em pauta e pode ser votado a qualquer momento. A mobilização mais efetiva é para que fosse enterrado de vez. Infelizmente, não é tão divertida quanto fazer grupinho para xingar os outros.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Lira manda recado ao Planalto e reforça: “Pacote fiscal não tem votos”

Visualizar notícia
2

O apego do STF ao poder total

Visualizar notícia
3

“A idolatria mórbida a Luigi Mangione”

Visualizar notícia
4

Novidades sobre o filme “Bailarina”, Spin-Off de “John Wick”

Visualizar notícia
5

Senado aprova três indicados de Lula ao BC

Visualizar notícia
6

Câmara amplia bomba fiscal e aprova refinanciamento da dívida dos Estados

Visualizar notícia
7

Senado aprova regulamentação de inteligência artificial

Visualizar notícia
8

Crusoé: As condições dos EUA ao novo governo sírio

Visualizar notícia
9

Nova lei do aborto na Noruega gera reação da Igreja Católica

Visualizar notícia
10

“Redobra a responsabilidade”, diz Pacheco sobre ausência de Lula

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

PF ouve Valdemar e ex-assessor de Bolsonaro

Visualizar notícia
2

Barroso pede vista em julgamento sobre redes sociais

Visualizar notícia
3

"Até cansou a vista", diz Toffoli sobre próprio voto

Visualizar notícia
4

Papo Antagonista: Caiado fora de 2026?

Visualizar notícia
5

Possibilidade de novo Top Gun 3? Confira as novidades

Visualizar notícia
6

Lula passará por novo procedimento, diz equipe médica

Visualizar notícia
7

PF indicia mais três militares em inquérito sobre golpe

Visualizar notícia
8

Lewandowski tenta regular uso da força policial

Visualizar notícia
9

CCJ da Câmara aprova a volta do voto impresso

Visualizar notícia
10

Flávio defende Caiado de condenação provocada pelo PL

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Narrativas Antagonista
< Notícia Anterior

Lula se surpreende com “gente negra” do RS

15.05.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Onde assistir Boca Juniors x Fortaleza: confira detalhes da partida

15.05.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Gustavo Roque

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Por que o STF é quem decide se policiais de São Paulo usam câmeras?

Por que o STF é quem decide se policiais de São Paulo usam câmeras?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Tiririca estava errado: pior do que está fica

Tiririca estava errado: pior do que está fica

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Caso da janela do avião mostra um Brasil cansado de vitimismo e gente folgada

Caso da janela do avião mostra um Brasil cansado de vitimismo e gente folgada

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Efeito Lula: Adivinhe de quem é a culpa pela alta do dólar

Efeito Lula: Adivinhe de quem é a culpa pela alta do dólar

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.