Millôr Fernandes: 100 anos de antagonismo Millôr Fernandes: 100 anos de antagonismo
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16.08.2023

Millôr Fernandes: 100 anos de antagonismo

Millôr Fernandes faria 100 anos hoje, 16 de agosto de 2023. No centenário do jornalista, desenhista, humorista, colunista, tradutor, poeta, escritor, dramaturgo e pioneiro do frescobol, que ele jogava à beira d’água, ainda sem restrições de horário e local, na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro...

Millôr Fernandes faria 100 anos hoje, 16 de agosto de 2023.

No centenário do jornalista, desenhista, humorista, colunista, tradutor, poeta, escritor, dramaturgo e pioneiro do frescobol, que ele jogava à beira d’água, ainda sem restrições de horário e local, na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, o Estadão publicou uma matéria sobre o seu legado, lembrando que o também cofundador do Pasquim “foi censurado e por pouco visitou a cadeia”, quando os dirigentes do jornal “satírico e de oposição” foram presos, em 1971, época da ditadura militar.

A reportagem destaca “a inteligência rápida, a abrangência de interesses, a pena mordaz”, a “disposição para a polêmica”, o “misto de elegância e irreverência”, o “humor ácido, quase sempre crítico, implacável, que faz pensar”, além do “horror ao comportamento de manada e às frases feitas”, considerando a obra de Millôr “uma boa vacina contra a bobeira e o cacoete politicamente correto”.

Ou seja, digo eu: tudo que, em vida, rende patrulhas, boicotes, perseguições, maledicências de medíocres, invejosos e oportunistas, além do silêncio cúmplice dos contemporâneos que não querem se arriscar em defesa da liberdade de imprensa, expressão, crítica e sátira ao poder.

Não à toa, o texto no Estadão conclui corretamente que, “no Brasil, os mortos, mesmo polêmicos, fazem muito sucesso” e que algumas das frases de Millôr “seguem tão conectadas ao país atual quanto no tempo em que foram elaboradas”.

A mais famosa delas, e nem por isso colocada em prática por emissoras de TV e rádio do país, talvez seja “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Eu, Felipe, que não fui contemporâneo de Millôr, mas li suas últimas colunas na juventude e depois me aprofundei em seu trabalho, escrevi no dia mesmo de sua morte, em 2012, a minha homenagem, intitulada “Poeminha pro Millôr”, que releio agora:

“Morreu Millôr

Morreu a síntese

Sinta-se órfão

Da brevidade.

 

Morreu Millôr

Morreu a sátira

Riso da pátria

Sem piedade.

 

Morreu Millôr

Morreram clássicos

Shakespeare, Brecht

Pobres de bis.

Morreu Millôr

Morreu a crítica

Crítico estado

Fica o país.

 

Morreu Millôr

Morreu a crônica

Texto corrido

Nunca cansado.

 

Morreu Millôr

Morreu a fábula

E o frescobol

Já censurado…

 

Morreu Millôr

Morreu a máxima

Perde o Brasil

O rei do adágio.

 

Morreu Millôr

Morreu inédito

O original

Do nosso plágio.”

Parabéns pra ele, autor independente, pelo primeiro século de um eterno legado.

Assista ao comentário de abertura de Felipe Moura Brasil no Papo Antagonista desta quarta-feira (16):

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Millôr Fernandes: 100 anos de antagonismo

Millôr Fernandes faria 100 anos hoje, 16 de agosto de 2023. No centenário do jornalista, desenhista, humorista, colunista, tradutor, poeta, escritor, dramaturgo e pioneiro do frescobol, que ele jogava à beira d’água, ainda sem restrições de horário e local, na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro...

Millôr Fernandes faria 100 anos hoje, 16 de agosto de 2023.

No centenário do jornalista, desenhista, humorista, colunista, tradutor, poeta, escritor, dramaturgo e pioneiro do frescobol, que ele jogava à beira d’água, ainda sem restrições de horário e local, na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, o Estadão publicou uma matéria sobre o seu legado, lembrando que o também cofundador do Pasquim “foi censurado e por pouco visitou a cadeia”, quando os dirigentes do jornal “satírico e de oposição” foram presos, em 1971, época da ditadura militar.

A reportagem destaca “a inteligência rápida, a abrangência de interesses, a pena mordaz”, a “disposição para a polêmica”, o “misto de elegância e irreverência”, o “humor ácido, quase sempre crítico, implacável, que faz pensar”, além do “horror ao comportamento de manada e às frases feitas”, considerando a obra de Millôr “uma boa vacina contra a bobeira e o cacoete politicamente correto”.

Ou seja, digo eu: tudo que, em vida, rende patrulhas, boicotes, perseguições, maledicências de medíocres, invejosos e oportunistas, além do silêncio cúmplice dos contemporâneos que não querem se arriscar em defesa da liberdade de imprensa, expressão, crítica e sátira ao poder.

Não à toa, o texto no Estadão conclui corretamente que, “no Brasil, os mortos, mesmo polêmicos, fazem muito sucesso” e que algumas das frases de Millôr “seguem tão conectadas ao país atual quanto no tempo em que foram elaboradas”.

A mais famosa delas, e nem por isso colocada em prática por emissoras de TV e rádio do país, talvez seja “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Eu, Felipe, que não fui contemporâneo de Millôr, mas li suas últimas colunas na juventude e depois me aprofundei em seu trabalho, escrevi no dia mesmo de sua morte, em 2012, a minha homenagem, intitulada “Poeminha pro Millôr”, que releio agora:

“Morreu Millôr

Morreu a síntese

Sinta-se órfão

Da brevidade.

 

Morreu Millôr

Morreu a sátira

Riso da pátria

Sem piedade.

 

Morreu Millôr

Morreram clássicos

Shakespeare, Brecht

Pobres de bis.

Morreu Millôr

Morreu a crítica

Crítico estado

Fica o país.

 

Morreu Millôr

Morreu a crônica

Texto corrido

Nunca cansado.

 

Morreu Millôr

Morreu a fábula

E o frescobol

Já censurado…

 

Morreu Millôr

Morreu a máxima

Perde o Brasil

O rei do adágio.

 

Morreu Millôr

Morreu inédito

O original

Do nosso plágio.”

Parabéns pra ele, autor independente, pelo primeiro século de um eterno legado.

Assista ao comentário de abertura de Felipe Moura Brasil no Papo Antagonista desta quarta-feira (16):

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