Crusoé: Personalidade muda ao falar outra língua, revela estudo
Pesquisa indica que bilíngues adaptam comportamento e emoções conforme o idioma
Para bilíngues e multilíngues, o ato de mudar de idioma pode desencadear transformações significativas em sua personalidade e forma de se relacionar.
Segundo estudos recentes, essa “mudança de máscara” vai além de uma simples tradução, refletindo adaptações culturais e emocionais. De acordo com um levantamento citado pelo site *Psyche*, cerca de 65% dos multilíngues afirmaram sentir-se como “pessoas diferentes” ao utilizar línguas distintas, o que os levou a demonstrar diferentes graus de extroversão, assertividade e até de confiança.
Essas nuances linguísticas são experimentadas, por exemplo, por bilíngues inglês-cantonês em Hong Kong, que se sentem mais extrovertidos e abertos ao falar inglês em comparação com o cantonês. Pesquisadores sugerem que fatores como o nível de proficiência e a imersão cultural influenciam a percepção de identidade e expressão emocional.
Uma pesquisa com falantes de espanhol e inglês nos Estados Unidos mostrou que participantes se classificaram como mais extrovertidos e assertivos ao responderem em inglês, reforçando uma tendência observada em diversos contextos: ao adotar um novo idioma, o falante assimila também certos comportamentos valorizados na cultura associada.
Essa alternância entre “máscaras” culturais e emocionais pode também revelar conflitos internos. Algumas pessoas, por exemplo, sentem-se mais confortáveis em expressar emoções profundas, como amor e raiva, em um idioma específico. “Sinto que ao falar em inglês posso ser mais ousado e dizer coisas que jamais ousaria em italiano,” afirmou um participante. De fato, o distanciamento emocional de uma segunda língua pode tornar-se uma ferramenta de liberação de emoções.
Além disso, o fenômeno vai além das interações interpessoais. No ambiente corporativo, por exemplo, falar uma língua estrangeira pode ativar uma “persona” mais formal e impessoal, adequada ao contexto de negócios. Esse fenômeno é conhecido na psicologia social como “mudança de enquadramento cultural”, que ocorre ao adaptar-se a normas de outra cultura, buscando a aceitação.
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