O que o açúcar está fazendo com seu corpo pode te assustar
Veja como proteger seu corpo
A preferência humana por sabores doces não surgiu por acaso. Desde a infância, o corpo humano está biologicamente predisposto a buscar sabores açucarados, associando-os a fontes de energia e segurança, a evolução garantiu que nossos antepassados caçadores-coletores sobrevivessem ao identificar frutas e alimentos seguros pelos seus sabores doces. No entanto, essa predisposição se tornou um desafio significativo para a saúde pública em um mundo repleto de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas. A neurocientista Nicole Avena, uma especialista que estuda o açúcar como uma substância aditiva há mais de duas décadas, destaca como o consumo de açúcar pode ativar circuitos cerebrais similares aos ativados por substâncias químicas.
Experimentos preliminares de Avena usando ratos mostraram que, quando expostos a quantidades irrestritas de açúcar, eles desenvolviam o que chamamos de “compulsão”, experimentando sintomas de abstinência e a necessidade de consumir maiores quantidades para alcançar o mesmo nível de prazer. Observações mais detalhadas revelaram que os padrões de atividade cerebral dos ratos eram semelhantes aos de roedores viciados em drogas recreativas. Estudos clínicos posteriores indicaram que humanos que consomem alimentos ultraprocessados ricos em açúcar demonstram comportamentos comparáveis, desenvolvendo tolerância, fortes desejos e mal-estar quando tentam reduzir o consumo de açúcar.
Como o açúcar impacta o sistema nervoso humano?
A ingestão de açúcar é conhecida por desencadear a liberação de dopamina no núcleo accumbens, uma área do cérebro intimamente ligada a sensações de prazer e motivação. Porém, o impacto do açúcar não se limita ao sistema nervoso. De acordo com várias investigações, o consumo de duas ou mais porções diárias de açúcar aumenta em mais de 30% o risco de se morrer em decorrência de doenças cardiovasculares. Um estudo realizado em 2020, abrangendo mais de 35 investigações, apontou que cada aumento de 250 mililitros no consumo de bebidas açucaradas elevava a mortalidade em 4%.
Quais são os efeitos do consumo excessivo de açúcar no corpo?
O consumo excessivo do alimento pode afetar diretamente órgãos vitais. Ele é um dos principais responsáveis por cáries e doenças gengivais, acelera o envelhecimento da pele, eleva o risco de desenvolvimento do fígado gorduroso e perturba o equilíbrio do microbioma intestinal. Além disso, a chamada fome hedônica ilustra o porquê as pessoas continuam a buscar sobremesas mesmo após uma refeição completa. Estudos indicam que a simples visão de certos alimentos pode estimular o desejo e os comportamentos alimentares, demonstrando o poder do ambiente na modulação do apetite.

Como o adoçante afeta a saúde mental e cognitiva?
Sim, e de maneira preocupante. Há evidências de que uma alta ingestão de açúcar se relaciona ao declínio cognitivo, desempenho reduzido em testes de memória e pode até mesmo contribuir para o desenvolvimento de demência. Alguns pesquisadores postulam que o Alzheimer pode ser descrito como “diabetes tipo 3”, dada a relação entre hiperglicemia persistente e danos neuronais. Estudos também sugerem que células cancerosas consomem açúcar em maior quantidade que células saudáveis, estabelecendo uma conexão entre dietas ricas em açúcar e um risco elevado de desenvolver certos cânceres relacionados à obesidade, especialmente câncer de mama.
O que pode ser feito para reduzir a dependência do açúcar?
Além de seus efeitos físicos, o açúcar também está associado a desordens neuropsiquiátricas. Muitas pessoas recorrem ao açúcar como uma forma de auto-medicação para depressão ou ansiedade, mas esta prática pode intensificar os sintomas a longo prazo. Em uma entrevista ao The Telegraph, Avena enumerou algumas sugestões práticas para controlar o consumo de açúcar: reduzir a exposição a imagens e vídeos de comidas altamente calóricas e açucaradas, e fazer pequenas mudanças nos hábitos diários, como retirar o açúcar do café. Essas medidas buscam diminuir a dependência gradual e reduzir os desejos, promovendo uma dieta mais saudável e equilibrada.

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