Vladimir Putin merece um monumento em bronze Vladimir Putin merece um monumento em bronze
O Antagonista

Vladimir Putin merece um monumento em bronze

avatar
Mario Sabino
5 minutos de leitura 21.03.2022 18:51 comentários
Opinião

Vladimir Putin merece um monumento em bronze

A esta altura, não há mais dúvida de que Vladimir Putin é um criminoso de guerra. Além de invadir a Ucrânia sem que houvesse nenhum motivo para isso, a não ser erradicar o país do mapa, anexando-o à Rússia, em completo desrespeito às leis internacionais que regem as relações entre as nações, ele aterroriza a população civil ucraniana, principalmente os 130 mil habitantes de Mariupol, importante porto no Mar de Azov...

avatar
Mario Sabino
5 minutos de leitura 21.03.2022 18:51 comentários 0
Vladimir Putin merece um monumento em bronze
Reprodução

A esta altura, não há mais dúvida de que Vladimir Putin é um criminoso de guerra. Além de invadir a Ucrânia sem que houvesse nenhum motivo para isso, a não ser erradicar o país do mapa, anexando-o à Rússia, em completo desrespeito às leis internacionais que regem as relações entre as nações, ele aterroriza a população civil ucraniana, principalmente os 130 mil habitantes de Mariupol, importante porto no Mar de Azov. A cidade vem sendo pesadamente bombardeada e a sua população é mantida como refém do exército russo. Em diferentes graus, a situação é aterrorizante nas cidades cercadas pelos invasores — que já mataram até o momento, de acordo com a ONU, 847 civis, entre os quais 109 crianças, uma monstruosidade.

A intenção é abalar o moral dos ucranianos e também simplesmente vingar-se dos cidadãos que se recusam a entregar o seu país ao facínora do Kremlin. O governo da Ucrânia disse não ao ultimato dado no domingo pelos russos, para que Mariupol lhes fosse entregue, em troca da abertura de corredores humanitários. Não há nada a ser entregue, porque ninguém se entregará, nem mesmo se o presidente Volodymyr Zelensky assim ordenar. Em Kherson, a única grande cidade tomada pelas tropas de Moscou, em mais de 20 dias de guerra, a população enfrenta os blindados russos, com gritos para que saiam dali. A única arma desses bravos são bandeiras da Ucrânia.

Como esperado, os russos bombardearam hoje Odessa, o grande porto ucraniano no Mar Negro. A tática é a mesma: amedrontar a população, sob o falso argumento de que o exército ucraniano está usando prédios civis para estocar armas. Do ponto de vista estritamente militar, a Rússia fracassou no que era para ser uma blitzkrieg. Os seus soldados não se atrevem a entrar em Kiev, que parecia ser presa fácil no início da guerra, inclusive pela proximidade com Belarus, porque a cidade está inteiramente defendida por barricadas e os ucranianos prometem transformar a sua capital em uma Stalingrado, evocando a grande batalha da Segunda Guerra Mundial, quando os russos enfrentaram — e venceram — os alemães invasores, quarteirão por quarteirão, casa por casa. Só que agora os alemães são os russos. Os 2 milhões de habitantes que sobraram em Kiev, de um total de quase 3 mihōes, prometem não se render no que consideram ser uma guerra patriótica.

Além de censurar as notícias sobre a guerra — que só não é chamada pelo seu verdadeiro nome na Rússia, onde a agressão contra a Ucrânia virou “operação especial” –, Vladimir Putin quer evitar que os seus horrores e reveses militares possam ser noticiados pela imprensa ocidental. Depois de inviabilizar o trabalho de jornalistas na Rússia, ele e os seus acólitos agora ameaçam repórteres do Ocidente, ou que trabalham para veículos ocidentais, que estão na Ucrânia. Os dois últimos jornalistas da Associated Press que estavam em Mariupol deixaram a cidade hoje. O videorrepórter Mstyslav Chernov e o fotógrafo Eugeniy Maloletka foram avisados de que seus nomes constavam de uma lista de pessoas a serem presas pelos russos. A agência de notícias publicou no seu site o relato de Mstyslav Chernov.

O medo de jornalistas intrépidos tem razão de ser. Uma coisa é correr o risco de vida natural imposto pela cobertura de uma guerra no terreno em que ela se desenrola e ser atingido por tiros ou bombas quando se está na linha de frente ou próximo a um alvo. Coisa bem diferente é ser intimidado individualmente por uma das partes beligerantes. É o que os russos estão fazendo na Ucrânia. Além dos dois profissionais da Associated Press, um fixer (pessoa que assiste jornalistas num país estrangeiro) da Radio France foi sequestrado numa cidade localizada no centro da Ucrânia, trancado num porão e torturado durante nove dias pelo exército russo. Ele ficou sem comida durante dois dias, sofreu choques elétricos e cortes de faca na face e no corpo, além de ter a sua execução simulada, naquele que é um dos piores atos de sadismo que se pode cometer contra um prisioneiro. A Radio France comunicou o fato ao Repórteres Sem Fronteiras, mas mantém a identidade do fixer em segredo, por razões de segurança. Sabe-se que ele tem 32 anos, foi resgatado e agora está em outra cidade ucraniana.

Os russos têm no Kremlin um criminoso que agrediu a Ucrânia sob falso pretexto, bombardeia alvos civis, mantém uma cidade inteira como refém, vem causando um êxodo impensável no coração da Europa (quase 3,5 milhões de ucranianos já saíram do país) e intimida jornalistas, inclusive com tortura. As 109 crianças mortas foram homenageadas em Kiev, no fim de semana, com a colocação de um carrinho de bebê vazio para cada uma delas num praça da capital ucraniana (foto). Esse massacre dos inocentes deve fazer mais vítimas, infelizmente. Que a obra magna do carniceiro de Moscou ganhe um monumento perene, em bronze, quando ele for finalmente derrotado, para que ninguém jamais se esqueça dos seus crimes. E também de quem o defende e relativiza as suas atrocidades, relembrando a lambança americana no Iraque.

Brasil

O pedido urgente de Leite a Lula

30.04.2024 21:14 3 minutos de leitura
Visualizar

Neurite Óptica: conheça a doença rara de Felipe Simas

Visualizar

Caçadores indígenas resgatam brasileiro desaparecido na fronteira com a Guiana

Visualizar

Ludmilla é apontada como uma das favoritas de Beyoncé

Visualizar

Tite relaciona Gabigol para Flamengo e Amazonas pela Copa do Brasil

Visualizar

TSE interrompe julgamento de Seif para coleta de provas

Visualizar

Tags relacionadas

109 crianças mortas alvos civis artigo crimes de guerra fixer da Radio France Guerra da Ucrânia invasão da Ucrânia jornalistas da Associated Press Mario Sabino mariupol O Antagonista odessa ultimato Vladimir Putin Volodymyr Zelensky
< Notícia Anterior

Covid: Brasil registra 97 mortes em 24 horas, diz Conass

21.03.2022 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Em discurso de aniversário, Bolsonaro diz não ser "tão inteligente"

21.03.2022 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Mario Sabino

Mario Sabino é jornalista, escritor e sócio-fundador de O Antagonista. Escreve sobre política e cultura. Foi redator-chefe da revista Veja.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Pacheco x STF: a briga é para valer?

Pacheco x STF: a briga é para valer?

Madeleine Lacsko
29.04.2024 18:22 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Felipe Neto, o Excrementíssimo e a liberdade de expressão

Felipe Neto, o Excrementíssimo e a liberdade de expressão

Madeleine Lacsko
26.04.2024 17:10 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Josias Teófilo na Crusoé: Duas faces do Brasil

Josias Teófilo na Crusoé: Duas faces do Brasil

26.04.2024 15:59 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: Alex Jones e os limites da liberdade

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Alex Jones e os limites da liberdade

26.04.2024 15:50 2 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.