Vão-se as patentes?
Apesar de manter Braga Netto como vice, Jair Bolsonaro tem prometido a aliados que não haverá generais comandando estatais ou ministérios em um segundo mandato. A condição foi imposta pelo Centrão, que alega não haver ganho político com a ocupação da máquina por militares...
Apesar de manter Braga Netto como vice, Jair Bolsonaro tem prometido a aliados que não haverá generais comandando estatais ou ministérios em um segundo mandato. A condição foi imposta pelo Centrão, que alega não haver ganho político com a ocupação da máquina por militares.
É da lógica política brasileira o aparelhamento do governo com representantes da base aliada no Congresso, a fim de facilitar a tramitação de projetos de interesse do Palácio do Planalto.
Na primeira fase de seu mandato, Bolsonaro espalhou militares e olavistas pela Esplanada, mas a estratégia o enfraqueceu no Congresso, que reagiu com o sequestro do orçamento. Nos últimos dois anos, para evitar o impeachment, o presidente cedeu aos poucos ao Centrão, que passou a avançar sobre a máquina.
A promessa de Bolsonaro em relação aos militares, porém, dificilmente será cumprida à risca, pois o presidente deve a esses generais a própria existência de sua candidatura. Os militares também têm sido úteis ao referendar o discurso contra as urnas e pressionar o TSE por mais transparência na apuração do pleito.
O problema é que o presidente nunca precisou tanto do Centrão e de outros partidos aliados, como o PTB de Roberto Jefferson, que usará sua candidatura presidencial para levantar a bola de Bolsonaro nos debates televisivos, com ataques calculados a Lula e ao STF.
Bob Jeff já até apresentou a fatura da reeleição: quer o comando dos Correios, hoje nas mãos do general Floriano Peixoto Vieira Neto. Itaipu também está na mira do próprio PP, especialmente Ricardo Barros, que anseia destronar o almirante Anatalicio Risden Junior.
Os atritos recentes com o PP e algumas defecções no próprio PL tornam incerto o futuro da campanha, levantando dúvidas sobre a mobilização dos aliados na captação de votos nos estados. Num cenário em que Lula lidera com folga, segundo as principais pesquisas de intenção de voto, manter a militância motivada custa ainda mais.
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