Passeata foi boa para Bolsonaro e para Lula, mas ruim para os réus do 8 de janeiro. Quem liga?
A passeata ajudou Bolsonaro? Sim. Ele leva mais gente às ruas do que a esquerda. Ajudou Lula? Também. Ele vê que não é só sua popularidade que cai

A política brasileira virou uma disputa de quem engana mais o povo e há quem insista em cair no mesmo truque. O país parece ter perdido de vez a noção sobre o papel das manifestações. Passeata agora é “a favor” de político. De Lula. De Bolsonaro. E a pergunta que não quer calar: desde quando passeata a favor de alguém dá certo?
Passeata dá certo quando é contra, quando pressiona quem está no poder. É assim que se obriga um político a ouvir. O poderoso não se incomoda com povo na rua gritando “eu te amo”. Se diverte. E conclui que não precisa ter medo dessa gente. Político precisa ter medo de povo na rua e isso não acontecerá quando o povo toma as ruas a favor de um político. Os demais olham o mar de gente como quem vê um imenso canavial de trouxa.
Há uma disputa sobre o tamanho deste canavial. Inegavelmente muito maior que qualquer passeata da esquerda. Mas também menor que as anteriores do Bolsonaro. Ou seja, no momento de maior fraqueza de Lula ele vê que seu adversário também começa a ficar enfraquecido.
A passeata do domingo supostamente visava chamar atenção para os réus do 8 de janeiro. Só que, como sempre, o foco virou Bolsonaro. E ele estava lá, claro. Com isso, o tema dos presos virou coadjuvante. Misturou-se tudo. Quem tem simpatia pelos réus e acha as penas exageradas acaba se afastando. A tentativa de salvar todos, políticos e manifestantes, no mesmo pacote, só enfraquece a causa.
E vale lembrar: anistia não é pra pessoa. É pra conduta. Para pessoa, é perdão. Mas político gosta de manipular até o vocabulário.
O caso dos réus do 8 de janeiro é grave. Muitos foram condenados sem direito a julgamento adequado. Penas desproporcionais, com base em acusações que nem podiam ser somadas, segundo os próprios ministros do Supremo.
São cidadãos que acreditaram nos políticos e em influencer que nem mora no Brasil, mas incentivou gente a dormir em porta de quartel e quebrar tudo. Esses estão soltos, financiados, e rindo. O resto está pagando.
A passeata ajudou Bolsonaro? Sim. Ele leva mais gente às ruas do que a esquerda. Ajudou Lula? Também. Ele vê que não é só sua popularidade que cai. Ajudou os réus do 8 de janeiro? Nem um pouco. Mas, afinal, qual político realmente ligou para eles?
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