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O retrato da esquerda nas greves em São Paulo

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Felipe Moura Brasil
5 minutos de leitura 03.10.2023 15:23 comentários
Opinião

O retrato da esquerda nas greves em São Paulo

Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, é filiada ao PSOL. José Faggian, presidente do sindicato dos funcionários da Sabesp, o Sintaema, é do diretório paulista do PCdoB. A União da Juventude Comunista (UJC) é um braço do PCB que comanda o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, ao lado de movimentos como … Continued

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O retrato da esquerda nas greves em São Paulo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Camila Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários, é filiada ao PSOL.

José Faggian, presidente do sindicato dos funcionários da Sabesp, o Sintaema, é do diretório paulista do PCdoB.

A União da Juventude Comunista (UJC) é um braço do PCB que comanda o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, ao lado de movimentos como Correnteza, Ecoar e Juntos!, que também integraram a chapa “É Tudo pra Ontem”, eleita em 2022.

Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, é apoiado pelo PCdoB e pelo PCB na disputa contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato que tende a ser apoiado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). PSOL, PCdoB e PCB são conhecidos como partidos-satélites, ou linhas auxiliares, do PT de Lula.

Esse é o quadro político por trás das duas greves em andamento no estado:

– a de funcionários do metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), contra as privatizações prometidas, mas ainda estudadas, por Tarcísio;

– e a de alunos da Universidade de São Paulo (USP), contra a falta de professores.

A articulação grevista para eleger Boulos e desgastar Nunes e Tarcísio vem seguida de uma ação protocolada por PT e PSOL no STF para barrar a privatização da Sabesp. Os partidos alegam que um decreto do governo estadual, que pode facilitar a concessão da empresa, fere a Constituição. O que fere as leis é negar o direito de ir e vir a milhões de cidadãos, sabotando o transporte urbano com base em pautas que nada têm a ver com as atuais condições de trabalho de seus funcionários. É desobedecer uma decisão judicial que determinou o funcionamento de 100% dos serviços nos horários de pico.

Mas a esquerda promove a arruaça para turbinar a impressão de que seus rivais são maus gestores, ou pior, gestores maus, que vendem patrimônio do país para prejudicar os trabalhadores. Da última vez que o PT recorreu ao nacionalismo para defender seus interesses, os brasileiros ficaram sem a vacina contra a dengue, agora recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como comentamos no Papo Antagonista de segunda-feira, 2. Nesta terça, 3, só não ficaram totalmente sem transporte em SP porque as duas linhas privatizadas, 8-Diamante e 9-Esmeralda, funcionaram, ainda que a circulação de trens desta última tenha sido paralisada entre as estações Morumbi e Vila Lobos-Jaguaré em caso a ser investigado.

Na USP, o curioso é que os gestores da universidade também são ligados à esquerda.

O diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) é Paulo Martins, filiado ao PT. Ele criticou os articuladores do movimento, dizendo que “usam as mesmas armas da direita bolsonarista”. O Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários, do curso de letras, rebateu Martins: “Quem usou métodos antidemocráticos foi o gestor da FFLCH ao mandar fechar os prédios. Antidemocrático é quem chama a polícia para reprimir e criminalizar a luta dos estudantes.” Esquerda contra esquerda.

O reitor atual é o médico Carlos Gilberto Carlotti, eleito em 2021 pela chapa “USP Viva”, cujo programa prometia “recompor o número de docentes na Universidade após um longo período de diminuição das contratações”.

No começo de agosto, em seu discurso durante evento em homenagem a Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, Carlotti pediu ao ministro Paulo Teixeira que coloque a Faculdade de Direito da USP no radar de Lula para indicações ao STF:

“Eu vou fazer um pedido: que você leve ao presidente Lula, que ele mantenha no seu radar, esta casa. O que ele pensar na vida, que ele pense nos professores e professoras do Largo de São Francisco. Principalmente quando ele estiver pensando em alguma lista, que ele tiver que indicar alguma coisa, que ele se lembre desta casa. O do TSE nós gostamos. Agora do STF nós vamos gostar mais ainda.”

Em maio, Lula havia indicado ao TSE os advogados Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares, ambos professores da Faculdade de Direito e aliados de Moraes.

Lobby junto ao presidente, portanto, não falta; o que faltam agora são professores. Segundo Carlotti, nunca a USP trabalhou tanto para contratar docentes, considerando que foram abertas 879 vagas desde 2022, 70 delas endereçadas à FFLCH, que já realizou dez concursos. Mas são lentos os trâmites da administração pública, cujo inchaço, curiosamente, a esquerda grevista defende. Então ela recorre ao “cadeiraço” e ao “disk-piquete”, impedindo aulas com professores e alunos que as desejam.

Não faz sentido prejudicar a mobilidade, o saneamento e o ensino dos outros, em nome da mobilidade, do saneamento e do ensino dos outros. Mas sentido nunca foi o forte daqueles que se alimentam do caos para chegar ao poder.

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