O que não será debatido hoje
Nem preciso assistir ao debate presidencial na Band hoje para saber que Jair Bolsonaro e Lula vão usar o horário nobre para trocar ofensas, falar em satanismo, canibalismo, aborto e aquele "clima" com garotas de 14 anos. Lamentavelmente, para o eleitor brasileiro, esse é o nível da política...
Nem preciso assistir ao debate presidencial na Band hoje para saber que Jair Bolsonaro e Lula vão usar o horário nobre para trocar ofensas, falar em satanismo, canibalismo, aborto e aquele “clima” com garotas de 14 anos. Lamentavelmente, para o eleitor brasileiro, esse é o nível da política.
Como diria o saudoso Ricardo Boechat, as instituições brasileiras, em geral, tem um conceito bastante baixo, mas a classe política consegue ser ainda pior. É o que acontece quando a necessária discussão de políticas públicas dá lugar à pura e simples manipulação do eleitor, via campanhas de ódio e exploração de crenças individuais.
Obrigado, Carluxo e Danones!
Nenhum dos dois candidatos, por exemplo, comentou até agora — e dificilmente comentará logo mais — o polêmico discurso de Xi Jinping na abertura do Congresso do Partido Comunista, com recados diretos ao Ocidente e anúncio de ações com impacto na ordem geopolítica mundial.
“O discurso feito por Xi Jinping é um divisor histórico. Claramente, ele anuncia que vai desafiar a hegemonia americana na economia, na tecnologia e em influência militar”, ressalta Pedro Cerize, publisher de O Antagonista.
“Xi destacou muito a independência tecnológica como prioridade. Para quem não sabe, Joe Biden praticamente impediu que o cidadão americano trabalhe para empresas de semicondutores chineses. Ou ele opta pelo emprego ou pela cidadania. Isso é guerra econômica aberta e vai escalar para o fornecimento de peças para aviões, medicamentos, terras raras e, eventualmente, bens de consumo. Sai a mão invisível do mercado, entra o investimento planejado do Estado.”
O Congresso do PCCh, que elegerá o novo primeiro-ministro chinês ou renovará de forma inédita o mandato do atual, ocorre em meio à escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os chineses já escolheram um lado e, mais cedo, Pequim recomendou a seus cidadãos que deixem imediatamente o território ucraniano.
Para nossos dois presidenciáveis, esses temas não engajam a militância nas redes e nem comovem o eleitor nas urnas. Não tem problema, certo?! O Brasil é de outro planeta.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)