O governo não conseguiu detectar nem uma liderança do Comando Vermelho dentro dos ministérios em eventos oficiais. Conseguirá combater o crime organizado, como precisa urgentemente fazer?

A estratégia de resposta à crise mostra uma vontade enorme de fugir dessa pergunta. Saíram todos pela tangente, jogando tudo no colo das fake news bolsonaristas sobre o tema.

A mais famosa é a do ministro Flávio Dino elogiando uma influencer loira do Nordeste. O vídeo foi usado por políticos bolsonaristas como se fosse do ministro com a primeira-dama do Comando Vermelho.

Então aparecem todos fingindo que esse é o problema e repudiando as fake news. Ocorre que não foi isso que causou indignação.

O Ministério dos Direitos Humanos usou dinheiro público para custear a viagem de uma liderança condenada do crime organizado. Ela representa uma ONG investigada por suspeita de ser lavanderia de dinheiro do Comando Vermelho.

Essa pessoa falou em evento público, num púlpito oficial com o brasão da República. Teve também quatro reuniões com funcionários do Ministério da Justiça. O MP junto ao TCU já pediu apuração sobre o tour.

O governo investe na versão de que não sabia, foi tudo indicação do governo do Amazonas. Não dá para saber o que é pior no caso. Ter conhecimento é grave; não ter é um atestado de incompetência para combater o crime organizado.

É um caso em que a liderança criminosa está no topo, é conhecida, foi condenada, continua sendo investigada, não esconde quem é e fornece nome e documentos para o governo de livre e espontânea vontade. Nem assim o Ministério da Justiça foi capaz de identificar uma das principais lideranças do crime organizado no Brasil.

O desafio urgente diante do ministro é muito mais complexo. Ele precisa derrotar agentes do crime organizado que estão escondidos, não têm nomes conhecidos, não têm processos ou condenações e não vão fornecer nome e documentos para o ministério.

Com toda a facilidade, o Ministério da Justiça não detectou o crime organizado nem depois de quatro reuniões oficiais. Precisou o Estadão noticiar. Será capaz de perseguir os líderes que se escondem e aterrorizam o país?

Essa é a resposta que o ministro Flávio Dino e Lula não poderão dar via Twitter; só mesmo com ações concretas.

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