Não são “gafes”, precisamos ouvir o que Lula diz
Lula foi cristalino ao dizer que não prenderia Putin a pedido do Tribunal Penal Internacional. “Enquanto eu for presidente, não”, explicou com a maior clareza. Isso acontece depois de uma série de...
Lula foi cristalino ao dizer que não prenderia Putin a pedido do Tribunal Penal Internacional. “Enquanto eu for presidente, não”, explicou com a maior clareza. Isso acontece depois de uma série de ocasiões em que ele se mostra alinhado a Putin, ao Bricstão e relativiza a questão democrática ou de direitos humanos.
Às vezes eu fico com aflição pelo presidente. Ele fala a mesma coisa com a maior clareza possível quinhentas vezes. Mas parte da imprensa relativiza, os tradutores de político o tratam como se tivesse três anos de idade.
Basta Lula abrir a boca que já ouvimos as mesmas frases feitas. Não foi isso o que ele quis dizer. Na verdade, o que o presidente quis dizer foi outra coisa. Foi uma gafe. É um deslize. Cometeu um erro.
Imagine se Jair Bolsonaro dissesse que não prenderia Putin a mando do Tribunal Penal Internacional. E daí depois dissesse que avalia até se deveríamos fazer parte ou não. Como reagiria a imprensa?
Se tivéssemos agora este tipo de reação, o cidadão poderia analisar mais claramente para onde estamos indo e qual é o assunto que debatemos.
Lula claramente está demonstrando que pretende mudar o alinhamento geopolítico do Brasil, saindo das democracias ocidentais para China e Rússia. E isso é novidade.
Muita gente costuma minimizar o movimento falando que Lula sempre gostou de ditaduras de esquerda, o que é verdade mas seria uma análise infantilóide. As coisas mudaram, não é mais do mesmo. Em seus dois primeiros governos, o afago a ditaduras foi feito sem o risco de romper com as grandes democracias e isso está mudando.
Não é uma aposta apenas ideológica, é a aposta no vencedor. Na virada do século, embora Rússia e China já fossem potências, não havia a perspectiva de que pudessem passar à liderança geopolítica mundial. Agora isso existe e Lula parece querer colocar o Brasil em outro bloco, alinhado a esses países.
Há consequências. Não é um bloco que vislumbre a ideia de democracia e também não se dá importância à defesa dos direitos humanos e liberdades individuais. Por isso agora a ideia de até sair do TPI, já que seremos algo à imagem e semelhança de China e Rússia.
Para os que ainda têm dúvidas sobre os rumos do governo, basta ver o posicionamento do ministro dos direitos humanos, Silvio Almeida. Sabem o que ele disse? Nada. Para quem fala tanto e tão bem, é um silêncio mais que eloquente.
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