Lula se aproxima do cercadinho e afasta evangélicos
Ao importar para cá o conflito no Oriente Médio, Lula criou alguns problemas domésticos e um deles é com os evangélicos
A insistência do presidente Lula em falar prioritariamente para seu próprio cercadinho vai afastá-lo cada vez mais dos evangélicos. A insistência sobre Israel é algo bastante importante neste contexto.
É possível dizer que a ligação do público evangélico com Israel está além da guerra em si, do povo judeu ou dos israelenses. É algo religioso, que tem a ver com a Terra Santa e com o povo escolhido de Deus.
Ocorre que no cercadinho lulista a questão é semelhante. Ninguém está falando da guerra em si ou de Israel. Fosse esse o caso, na terça-feira, 5, o presidente teria se manifestado sobre os estupros cometidos pelo Hamas, detalhados em relatório da ONU. A questão ali é com o folclore ideológico que Israel representa na esquerda.
Viúvos da União Soviética
Para a esquerda viúva da União Soviética, a palavra de ordem é o antiamericanismo. Tudo o que vem dos ianques é ruim e deve ser repudiado. Portanto, Israel é o imperialismo americano e o repúdio deve ser constante. Já para a esquerda “todEs”, Israel é o ícone do branco colonialista, portanto opressor e contra quem tudo pode. Pouco importa que judeus não sejam brancos, estamos falando de folclore ideológico, não realidade.
Ao acender o tema, Lula destampou uma onda antissemita entre integrantes do cercadinho. Não entendem nada de guerra nem de Oriente Médio, mas são movidos pela emoção. Se querem parecer virtuosos para o grupo, precisam condenar Israel.
Falam o tempo todo contra a única democracia do Oriente Médio e o único país da região onde mulheres têm direitos como os dos homens e se permite livremente a vida de casais homossexuais. Não é sobre realidade. Colocam no perfil a bandeira de um país ditatorial e onde todas as bandeiras da diversidade são rechaçadas. O folclore ideológico é muito mais forte do que a vida real.
Defensiva
Pessoas que agem assim são movidas por sentimento de grupo e amor incondicional ao líder. Agora que saiu a pesquisa Genial/Quaest falando da rejeição dos evangélicos, vão querer defender Lula. E farão isso como? Mostrando aos evangélicos as vantagens do governo? Claro que não, isso seria agir como adulto e dentro da realidade.
A palavra de ordem será atacar os evangélicos, como já começaram a fazer. Os ataques vão desde delírios autoritários de controlar igrejas até a condescendência elitista e perversa pelas redes. O evangélico não sabe nada, precisa aprender com o inteligentinho. Até aula de Bíblia o pessoal quer dar para evangélico, mesmo sem nem saber do que fala.
É evidente que isso vai afastar ainda mais Lula dos evangélicos. Pode até ser um cálculo. Talvez esse público seja mesmo bolsonarista e não tem jeito. Não é que o mostra o histórico da pesquisa. Em agosto do ano passado, Lula caminhava para uma aproximação e conseguiu ter mais aprovação que desaprovação entre evangélicos.
Ao importar para cá o conflito no Oriente Médio, Lula criou alguns problemas domésticos e um deles é com os evangélicos. Por que ele faz isso bem quando os preços dos alimentos sobem e impactam também na popularidade? Sinceramente, não sei responder.
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