Lixo atômico
Há quatro anos, Vladimir Putin anunciou que seu governo havia desenvolvido e já estava testando uma nova linha de armas nucleares estratégicas, com capacidade para driblar as defesas dos EUA. Em discurso televisionado, pouco antes da eleição que confirmaria seu quarto mandato de seis anos, o presidente russo exibiu vídeos e animações de mísseis balísticos intercontinentais, mísseis de cruzeiro movidos a energia nuclear e até drones submarinos...
Há quatro anos, Vladimir Putin anunciou que seu governo havia desenvolvido e já estava testando uma nova linha de armas nucleares estratégicas, com capacidade para driblar as defesas dos EUA. Em discurso televisionado, pouco antes da eleição que confirmaria seu quarto mandato de seis anos, o presidente russo exibiu vídeos e animações de mísseis balísticos intercontinentais, mísseis de cruzeiro movidos a energia nuclear e até drones submarinos.
“Você não ouviu nosso país na época. Ouça-nos agora”, disse Putin na ocasião, dirigindo-se ao governo dos EUA, que em 2001 deixou o tratado de mísseis antibalísticos de 1972. “Gostaria de dizer àqueles que vêm tentando escalar a corrida armamentista nos últimos 15 anos para obter vantagens unilaterais sobre a Rússia e impor restrições e sanções… A tentativa de conter a Rússia falhou”, emendou o tirano.
Três meses depois, o jornal The Guardian publicou que a Federação de Cientistas Americanos (FAS) havia identificado, em imagens de satélite, obras de modernização de um bunker de armazenamento de armas nucleares em Kaliningrado, enclave da costa do Báltico entre Polônia e Lituânia. “Ele tem todas as características de locais típicos de armazenamento de armas nucleares russas”, disse Hans Kristensen, diretor do projeto de informação nuclear da FAS.
A reforma teria começado em 2016 e se enquadraria, segundo militares russos, no discurso de Putin de bloquear a expansão da Otan no leste europeu. Moscou também anunciou o posicionamento em Kaliningrado de sistemas móveis de mísseis balísticos de curto alcance (Iskander-M), capazes de transportar ogivas convencionais e nucleares — o que violaria, segundo os EUA, o tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987.
Dois anos atrás, o próprio Kremlin divulgou transcrição de uma reunião entre Putin e altos funcionários da defesa sobre a modernização da infraestrutura de comando e controle nuclear do país. Os relatos na mídia russa sugeriam que o bunker estaria quase concluído. Segundo o The Eurasian Times, a instalação seria no Monte Kosvinsky ou no Monte Yamantau, ambos nos Urais.
Dá para entender a cautela da Otan neste momento, incompreensível é que tenhamos chegado até aqui.
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